O líder do grupo pró-iraniano Hezbollah (Partido de Deus), xeque Hassan Nasrallah, apresentou hoje o que qualificou como evidências segundo as quais o Estado de Israel estaria envolvido no assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri.
Ao apresentar filmagens de reconhecimento aéreo que implicariam os israelenses na explosão de carro-bomba que matou Hariri e mais 21 pessoas, Nasrallah admitiu que o material não representa necessariamente uma “prova absoluta”. “Essas evidências abrem novos horizontes para as investigações”, declarou Nasrallah, em uma conversa com jornalistas via satélite.
Israel ainda não se pronunciou oficialmente sobre a denúncia, mas uma fonte no governo desqualificou as acusações como “ridículas”. De acordo com Nasrallah, as filmagens abrangem um período que se estende da década de 1990 até 2005.
Os locais mostrados nas imagens foram extraídas de voos de reconhecimento realizados pela aviação israelense – e interceptados pelo Hezbollah – de lugares frequentados por Hariri, inclusive o local do atentado no qual ele morreu.
Na opinião do líder do grupo, as imagens são uma prova de que Israel estava rastreando os passos do ex-primeiro-ministro libanês com o objetivo de assassiná-lo. “Isto não era turismo aéreo, mas sim uma introdução às operações de assassinato”, declarou o xeque xiita.
A denúncia de Nasrallah vem à tona em um momento no qual o Hezbollah encontra-se pressionado pela investigação do assassinato de Hariri por um tribunal patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A corte deve anunciar indiciamentos ainda este ano e é considerado provável que integrantes do Hezbollah sejam citados. Nasrallah afirmou estar ciente de que integrantes do Hezbollah serão indiciados pelo tribunal internacional e negou envolvimento do movimento islâmico no atentado.
O líder do Hezbollah qualificou o tribunal como “um projeto israelense” destinado a minar o grupo e questionou a credibilidade da corte. “O tribunal foi usado para forçar a Síria a retirar-se do Líbano e agora está sendo usado para encurralar o Hezbollah”, assegurou.
Provas
Questionado sobre o motivo pelo qual esperou mais de cinco anos para apresentar as provas, Nasrallah disse que as recentes detenções de dezenas de agentes libaneses suspeitos de espionar em favor de Israel, e o resultado dos interrogatórios dos supostos espiões, confirmam o profundo envolvimento de Israel em uma série de assassinatos ocorridos no Líbano.
Hariri foi morto em um atentado que alguns setores libaneses, com o apoio de Estados Unidos e França, atribuíram à Síria. Desde o início, Damasco negou envolvimento no atentado, mas manifestações populares que se seguiram ao atentado resultaram numa retirada de tropas sírias que estavam no Líbano havia quase três décadas.
