O diretor-geral do Centro Nacional de Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças do México, Miguel Angel Lezana, acusou a Organização Mundial de Saúde (OMS) de ser lenta para responder aos alertas do país sobre a crise de saúde que se transformou na epidemia de gripe suína. Ele pede uma investigação. Lezana afirmou que seu Centro alertou a Organização Pan Americana de Saúde (PAHO, na sigla em inglês) em 16 de abril sobre as ocorrências de uma gripe e pneumonia atípicas no México. Mas somente oito dias depois se observou uma reação das autoridades, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que estava “muito, muito preocupada” de que o surto pudesse se transformar em uma pandemia. “Parece que essa ação poderia ter sido mais imediata”, afirmou Lezana.
Representantes da OMS disseram hoje que o órgão de saúde foi informado em 9 de abril sobre casos incomuns de “suspeita de influenza” no México que haviam começado no final de março, mas os laboratórios dos EUA e do Canadá identificaram o vírus em 24 de abril, ocasião em que a organização respondeu rapidamente. No México, foco da doença, o anúncio de novos casos e o número de mortes está estabilizado, segundo fontes médicas. As autoridades sanitárias informaram hoje que confirmaram 343 casos de gripe suína e 15 mortes provocadas pelo vírus.
“O fato de registrarmos uma estabilização nos números diários, até mesmo uma queda, nos torna otimistas”, disse o secretário da Saúde do México, José Angel Cordova. “Porque o que estávamos esperando era um crescimento de ordem geométrica ou exponencial. E essa não é a situação”. Na fronteira do México, o número de casos confirmados de gripe suína nos Estados Unidos cresceu para 130 ontem. Centenas de escolas fecharam suas portas. O único caso confirmado de morte pelo vírus nos EUA até o momento foi de uma criança mexicana no Texas. Novos casos foram confirmados ontem na Europa, mas nenhuma morte foi anunciada fora da América do Norte.
Enquanto o governo do México fechou serviços públicos não essenciais e negócios privados por cinco dias, entre hoje e terça-feira, para conter a proliferação do vírus, Lezana culpa a OMS e sua agência regional, PAHO, por não ter se pronunciado antes. Lezana disse que depois da série de casos de influenza e pneumonia terem surgido no México em abril, seu departamento ficou tão alarmado que notificou por e-mail o escritório local da PAHO, como previsto nos protocolos internacionais. “Esse processo é claramente estabelecido”, disse o chefe do Centro Nacional de Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças do México.
“Você tem de notificar o escritório local, então enviar uma notificação ao escritório regional. Eles analisam os dados e decidem se enviam ou não o caso para a OMS em Genebra”. Segundo Lezana, na ocasião os casos levantaram um alerta vermelho porque estavam ocorrendo pelo menos um mês depois que a temporada de gripe termina normalmente no México. No entanto, quatro dias depois, a PAHO ainda não havia respondido, então o Centro Nacional de Epidemiologia entrou novamente em contato com o escritório local da PAHO pedindo um retorno sobre a situação e se mais informações eram necessárias, acrescentou Lezana.