Consideradas como os animais mais altos do mundo, as girafas são o grande atrativo do Jardim Zoológico de Curitiba, localizado dentro do Parque Iguaçu. No local, uma fêmea, chamada Pandinha, e um macho, que recebeu o nome de Piercaski, encantam tanto adultos quanto crianças. Com pernas e pescoço bastante compridos, os animais tinham tudo para ser desajeitados e esquisitos, mas surpreendem pela graciosidade, elegância e simpatia.
?O Piercaski foi trazido da Polônia e tem cinco metros de altura. Já a Pandinha nasceu no Zoológico de Curitiba, mas seus pais já são mortos. Com quatro metros de altura, a fêmea teve seu nome escolhido pela comunidade, em um concurso realizado logo depois que ela nasceu, há cerca de quinze anos?, diz a bióloga do Parque Iguaçu, Claudia Regina Rosa.
Considerados dóceis, Pandinha e Piercaski chegam a pegar alimentos das mãos de seu tratador, Donizete Eduardo Ferreira, que há dez anos trabalha no zoológico da capital. ?Quando eu pego a comida as girafas já vem em minha direção sabendo que vão ser alimentadas. Entro para limpar o lugar onde elas ficam e nunca tive problemas. A fêmea, quando está no cio, fica um pouco mais agressiva, mas normalmente os dois animais são bastante dóceis. Acabei me apegando bastante a eles?, afirma.
Dentro do parque as girafas recebem uma alimentação balanceada, fornecida duas vezes ao dia e composta por folhas, alfafa, ração bovina, sal mineral, escarola, limão e cebola. Muitos visitantes costumam levar ramos de outras plantas para dar aos animais. A atitude é considerada errônea e prejudicial à saúde dos bichos. ?As girafas não podem comer qualquer matinho. Muitas vezes as coisas que as pessoas dão a elas acabam causando dor de barriga, amarrando a boca ou mesmo machucando a língua (no caso de galhos muito secos)?, explica a bióloga.
Características
As girafas são originárias da África e vivem nas savanas, ecossistema que ocupa quase 40% do continente. Seu nome científico, Giraffa camelopardalis, foi dado por romanos que, em excursões à África, ficaram impressionados com o animal, definindo-o como sendo fruto do cruzamento entre camelos – os maiores bichos que eles conheciam – e leopardos – em função das manchas presentes na pele de representantes de ambas as espécies. ?No caso das girafas, as manchas são únicas em cada animal, assim como as impressões digitais dos seres humanos?, comenta Claudia.
Podendo pesar uma tonelada e atingir seis metros de altura, as girafas têm entre 1,5 e 2 metros só de pernas, sendo capazes de dar passadas de até 4,5 metros e atingir velocidades de cinqüenta a sessenta quilômetros por hora quando galopam. O pescoço pode medir entre três e quatro metros de comprimento e a cauda entre 90 cm e 1,10 metro. Antigamente, os africanos utilizavam-na para fazer pulseiras e amuletos e tinham a falsa crença de que os tufos presentes na parte final de seu corpo eram um remédio contra a esterilidade.
A língua é considerada bastante pegajosa e chega a medir 40 centímetros, alcançando as orelhas do animal. Sobre a cabeça, existem adornos ósseos, que junto com o pescoço são utilizados entre machos durante brigas pelas fêmeas. Nestas disputas, uma girafa nunca mata a outra, sendo que a perdedora simplesmente se afasta, deixando o território livre para a vencedora. Os adornos chegam a alcançar 13,5 centímetros e, quando quebrados, não voltam a crescer.
O coração das girafas é considerado o maior do mundo, podendo pesar até onze quilos e sendo capaz de bombear sangue com bastante força, fazendo com que o mesmo chegue até a cabeça. As girafas dormem muito pouco, uma média de duas horas por dia, só se deitando quando se sentem extremamente seguras para isso. Elas não são mudas como a maioria das pessoas costuma pensar, emitindo grunhidos anasalados durante brigas e acasalamentos.
?As girafas dão à luz de pé. Desta forma, quando o filhote nasce já leva um tombo de quase dois metros de altura?, conta a bióloga. ?Outra curiosidade é que elas têm apenas sete vértebras cervicais no pescoço, assim como a maioria dos mamíferos?. A quantidade de ossos é a mesma que a presente no pescoço dos seres humanos.
Elas são as preferidas das crianças
Para que as crianças tenham a oportunidade de conhecer melhor os hábitos dos animais, funcionários do Parque Iguaçu promovem programas de acantonamento através dos quais estudantes têm a oportunidade de passar um final de semana inteiro no zoológico e participar de uma série de atividades. Geralmente meninos e meninas chegam ao local no sábado de manhã e voltam para casa no final da tarde de domingo.
Durante este período, as crianças lidam com horta, pomar, realizam trilhas diurnas e noturnas, alimentam os bichos e assistem a palestras. ?Elas ficam encantadas, pois têm a oportunidade de ter contato com uma série de animais diferentes. No final de semana que fomos, alguns alunos contaram que nem conseguiram dormir na noite de sexta para sábado de tanta ansiedade?, conta o administrador do espaço de contraturno escolar Ecos, em Curitiba, Iverson Moreira de Souza. Ele acompanhou um grupo de 37 estudantes entre 9 e 12 anos de idade em um acantonamento realizado nos últimos dias 20 e 21.
Nos acantonamentos, os animais que costumam tirar os maiores suspiros de admiração das crianças continuam sendo as girafas. As crianças do Ecos disseram se sentir ainda mais pequeninas diante dos animais de pescoço comprido. ?As girafas são muito grandes, mas quando demos comida a elas pudemos ver que também são bastante mansinhas?, afirmaram os estudantes Hellen Maiara, de 10 anos, e Luiz Henrique Lucato, de 12. (CV)