A Secretaria de Exterior da Grã-Bretanha divulgou nesta segunda-feira (18) uma versão inicial de um dossiê de 2002 elaborado pelos serviços secretos cujas informações se transformaram o centro da justificativa do então primeiro-ministro Tony Blair para participar na invasão do Iraque. O documento, divulgado pelo secretário de Exterior da Grã-Bretanha, David Miliband, contém referências a informações segundo as quais o Iraque teria obtido urânio e dispunha dos equipamentos necessários para a produção de armas químicas.
Entretanto, a versão divulgada hoje não contém a alegação de que o Iraque seria capaz de lançar mísseis com capacidade de destruição em massa na direção da Europa apenas 45 minutos depois de uma eventual ordem do então ditador Saddam Hussein. Tal alegação foi colocada em descrédito mais tarde, mas foi crucial para que Blair justificasse sua participação na invasão do Iraque ao lado dos Estados Unidos em março de 2003.
Detratores alegam que a informação referente à capacidade iraquiana de atacar a Europa 45 minutos após uma ordem de Saddam foi inserida de última hora no documento, pouco antes de sua divulgação, por orientação do gabinete de Blair, que estava em busca de argumentos mais convincentes para justificar a guerra. O governo do ex-primeiro-ministro negou veementemente a acusação.
Críticas
No ano passado, o ex-chefe dos inspetores de armas da ONU Hans Blix comentou que Blair aparentemente havia "trocado os pontos de interrogação por pontos de exclamação" nos dossiês usados para justificar a invasão do Iraque. Em 2004, uma investigação formal sobre as informações usadas para justificar a guerra isentou o governo de culpa, mas criticou os serviços secretos por terem dado crédito demais a informações e fontes suspeitas.
No ano anterior, o cientista do governo David Kelly suicidou-se depois de ter sido identificado como a fonte de uma reportagem da BBC na qual o governo era acusado de ter manipulado informações para tornar mais convincentes os argumentos para a invasão do Iraque. Em artigo publicado hoje no jornal The Guardian, Williams escreveu que muita gente no governo Blair foi incapaz de perceber problemas com as justificativas.