O governo sudanês expulsou do país a mais alta diplomata canadense e um enviado especial da Comissão Européia ao Sudão depois de acusá-los de "ingerência em assuntos internos" do país africano, informou hoje a agência estatal de notícias. Não ficou claro o motivo da expulsão, mas países ocidentais têm criticado duramente o governo sudanês por causa da situação em Darfur, no oeste do país.
Representantes da Comissão Européia e do Canadá foram convocados ontem, separadamente, para comparecer à sede do Ministério das Relações Exteriores do Sudão e foram declarados "persona non grata". A chancelaria sudanesa emitiu então as ordens de expulsão, disse Ali Al Sadeq, porta-voz do ministério.
"Nós recebemos algumas sinalizações por parte do governo sudanês de que o chefe de nossa delegação não é mais bem-vindo no Sudão. Agora estamos tentando discutir com as autoridades sudanesas meios de acertar essa questão", disse hoje em Bruxelas Antonia Mochan, porta-voz da Comissão Européia.
Ela confirmou que o diplomata expulso é Kent Degerfelt, chefe da delegação enviada pelo órgão executivo da União Européia (UE) ao Sudão. "Ele estava em férias quando recebemos a notificação e continua em férias. Portanto, ele não está no Sudão", disse ela.
Rodney Moore, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Canadá, identificou a diplomata canadense como Nuala Lawlor, charge d’affaires interina em Darfur. "Foi ela a (diplomata) expulsa e pedimos explicações às autoridades sudanesas sobre os motivos da expulsão. Ela, em nossa opinião, seguindo as melhores tradições da diplomacia canadense, defendia nossos valores de liberdade, democracia, direitos humanos e império da lei no Sudão. Então estamos aguardando uma resposta. Ainda não a recebemos", declarou.
Mais de 200.000 pessoas morreram e cerca de 2,5 milhões foram obrigadas a fugir em mais de quatro anos de conflito em Darfur. A violência começou quando integrantes de tribos africanas da região pegaram em armas e rebelaram-se contra o governo sudanês.
As tribos africanas queixam-se de décadas de negligência e discriminação. O governo iniciou então uma contra-insurgência durante a qual uma milícia árabe pró-Cartum cometeu atrocidades contra a comunidade africana.