Guerra civil

Governo sírio nega massacre, mas combates prosseguem

O governo do ditador Bashar al Assad voltou a negar hoje (15) que tenha ocorrido um massacre em Treimsa, região central da Síria, onde na quinta-feira morreram ao menos 220 pessoas, segundo opositores.

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores sírio, Jihad Maqdisi, advertiu que “qualquer pessoa que se levantar em armas contra o Estado vai entrar em confronto com o Exército”.

O porta-voz fez essa afirmação em entrevista para explicar a versão das autoridades sírias sobre o ocorrido na quinta-feira passada. As tropas do regime sírio não utilizaram helicópteros nem artilharia pesada na operação sangrenta de quinta-feira em Treimsa, afirmou Jihad Maqdisi.

O exército “utilizou transportes de tropas do tipo BMB, armas leves, lança-foguetes. Não recorreu a aviões, nem a tanques, nem a helicópteros e nem a artilharia”, disse o porta-voz.

ONU

O ministro considerou que a nota dirigida ao Conselho de Segurança da ONU pelo mediador Kofi Annan foi precipitada. Annan denunciou o uso “de artilharia, de tanques e de helicópteros”, confirmado pelos observadores das Nações Unidas, e considerou que se tratava de uma violação do plano de paz oficialmente aceito por Damasco.

Segundo ele, “não ocorreu um massacre. O que aconteceu [é que] ocorreram combates com grupos armados que ignoraram o plano Kofi Annan para resolver a crise na Síria”.

Repercussão

“O regime de Bashar al Assad utiliza armas pesadas como helicópteros, artilharia e tanques para uma violência cruel, para uma guerra aberta contra seu próprio povo”, disse o ministro alemão de Assuntos Exteriores, Guido Westerwelle, em declarações reproduzidas pelo jornal “Bild”.

Já o presidente russo Vladimir Putin anunciou que deve se reunir nesta terça-feira com o mediador das Nações Unidas, Kofi Annan, para discutir a questão síria.
Ontem, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, falou de “tentativa de genocídio”.

A missão de observação da ONU na Síria indicou ontem que o ataque do exército sírio em Treimsa “parecia dirigido contra grupos e casas específicas, em sua maioria de desertores e militantes”.

Segundo o opositor OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos), com sede em Londres, mais de 150 pessoas, entre elas dezenas de rebeldes, morreram na quinta-feira em Treimsa.

No campo diplomático, o presidente russo Vladimir Putin se reunirá na terça-feira em Moscou com Annan com a esperança de dar um impulso ao plano de paz para resolver a crise no país, anunciou hoje o Kremlin.

Também está previsto que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, viaje na próxima semana à China, que, junto com a Rússia, bloqueia qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o regime sírio de Bashar al Assad.

Combates

Combates continuaram hoje e deixaram pelo menos 55 mortos (25 civis, 12 combatentes rebeldes e 18 soldados), após os 115 mortos ontem, segundo o OSDH.

Depois de bombardeios intensos nos últimos dias, vários moradores de Qousseir, uma cidade fronteiriça com o Líbano controlada há meses pelo Exército Sírio Livre (ESL), escavaram refúgios em suas casas e lojas.

Por sua vez, quase seis horas de bombardeios intensos na noite de ontem foram ouvidos cerca de 30 km a oeste de Aleppo, no norte da Síria. Hoje, a opositora Comissão Geral da Revolução Síria indicou que quatro pessoas morreram em Aleppo perto de uma escola, vítimas de disparos de obuses.

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