O governo interino da Tunísia agiu hoje para tomar o controle das forças de segurança do país, demitindo dezenas de antigos aliados do ditador deposto Zine El Abidine Ben Ali. A nova administração do primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi afastou 30 graduados policiais, apontando um oficial militar para liderar o serviço de segurança nacional e nomeando novos chefes para sete importantes regiões do país.
O governo também aprovou aumentos de salário para a polícia nacional. O almirante Ahmed Chabir, novo diretor de segurança nacional, estará encarregado de retirar os aliados de Ben Ali da liderança das forças de segurança. Ele também precisa que milhares de policiais que desertaram durante os protestos populares contra o ditador voltem aos seus postos.
Os manifestantes culpam a polícia por ataques às vezes brutais contra os opositores do regime de Ben Ali. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam que 219 pessoas morreram durante os protestos. Hoje, jornais da Tunísia apoiaram o pedido da nova administração de restaurar a ordem, fixando uma divisa entre democracia e segurança. Mas com 100 mil membros da polícia tendo sido membros da Assembleia Democrática Constitucional, partido de Ben Ali, limpar a casa não será tarefa simples. O partido tinha no total 2 milhões de membros, no país de 10 milhões de habitantes.
Já o Exército, que apoiou o levante popular, recusando-se a disparar nos manifestantes, tem apenas 35 mil homens, em sua maioria localizados em áreas de fronteira. O toque de recolher imposto pelo antigo regime em 13 de janeiro ainda está valendo, mas o governo estabeleceu um número de telefone para que as vítimas da violência façam denúncias. Ontem, uma fonte próxima ao governo interino afirmou que a Tunísia endossou quatro importantes protocolos internacionais pelos direitos humanos, incluindo o Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional (TPI). As informações são da Dow Jones.