Crise

Governo de Honduras acusa Brasil de intromissão

O governo de facto de Honduras acusou ontem a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de intromissão nos assuntos internos do país. Também responsabilizou o Brasil pela vida e segurança do presidente deposto, Manuel Zelaya, e das cerca de 60 pessoas que o acompanham na Embaixada do Brasil desde segunda-feira.

Para o governo de facto, a missão brasileira em Tegucigalpa se transformou em uma “plataforma de propaganda política e de concentração de pessoas armadas que ameaçam a paz e a ordem pública de Honduras”. “É evidente a intromissão do governo do senhor Lula da Silva em assuntos internos de Honduras”, informou um comunicado divulgado pela chancelaria do governo de facto.

Segundo o texto, essa constatação tem como base supostas declarações do presidente Lula e do chanceler Celso Amorim, que teriam sido feitas na Organização das Nações Unidas (ONU), de que o governo brasileiro teve conhecimento prévio do ingresso de Zelaya na embaixada em Tegucigalpa. Outro argumento, curiosamente, foi o “categórico desmentido” de Zelaya dessa versão.

O presidente Lula negou ontem que o Brasil tenha organizado a volta de Zelaya a Honduras. “Vocês vão ter de acreditar nos golpistas ou em mim”, afirmou Lula ao ser questionado sobre os meios que levaram Zelaya de volta a Tegucigalpa. “É preciso deixar o presidente golpista sair”, destacou o presidente, minutos antes de participar do jantar inaugural do G-20.

Em entrevista ao canal de televisão americano PBS, Lula disse que Zelaya “teve de parar em alguma embaixada e a preocupação não deve ser em que embaixada está ou como chegou”. Para o presidente Lula, o importante “é que há um golpista no poder” em Honduras. “É justo que o presidente eleito democraticamente queira voltar a seu cargo. O golpista, se quer ser presidente, que dispute as próximas eleições”, acrescentou Lula.

Na entrevista, Lula ainda avaliou positivamente a resposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à crise em Honduras e disse que ele atuou corretamente ao condenar o golpe.

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