Governo de Cuba incentiva produção de alimentos para reduzir importação

O novo governo cubano está aplicando uma série de medidas no setor agrícola, dentre as quais estímulo aos produtores, a fim de aumentar a produção nacional de alimentos, que compõem fatia significativa das importações do país, informou a imprensa local.

Uma emissora nacional, a Rádio Rebelde, revelou que está em marcha uma "experiência" na província de Holguín, no extremo leste do país, de liberação da venda de instrumentos agrícolas e outros utensílios de uso pessoal para agricultores, como botas de borracha, nas três lojas da região.

A medida já é aplicada há algum tempo e não constitui uma novidade, explicou à ANSA uma fonte cubana vinculada ao setor agrícola. Também esclareceu que as medidas são parte de um amplo programa que inclui estímulos salariais, já vigentes desde o fim de 2007, e ajustes organizacionais, especialmente em cooperativas, propriedades estimuladas pelas autoridades.

A ênfase do novo presidente, Raúl Castro, na produção de alimentos não é nova. Há 12 anos, em um discurso diante do Parlamento, o irmão mais novo de Fidel Castro chegou a dizer que "o feijão é mais importante que os canhões". Ulises Rosales, ministro cubano do Açúcar, disse também que a indústria aumentará a produção de alimentos para apoiar a redução de importações. Sua pasta realiza um processo de "diversificação agrícola" para contribuir com a necessidade de aumentar a produção de alimentos.

Em um encontro com camponeses de 18 Cooperativas de Produção Agropecuária (CPAs), dedicadas originalmente ao cultivo da cana-de-açúcar, o ministro disse que, no entre-safras, estão plantando outros gêneros.
"Serão produzidas alimentos, vegetais, e se desenvolverá a pecuária", disse. Com este projeto serão abastecidas "comunidades próximas às cooperativas".

Em Bayamo, Orlando Lugo Fonte, presidente da Associação Nacional de Pequenos Agricultores de Cuba, anunciou que na província de Granma, no leste cubano, a pecuária "generalizará técnicas efetivas de desenvolvimento", para gerar mais leite e carne.
O governo cubano estuda ainda mudanças estruturais, inclusive na exploração da terra, mas com base em medidas já adotadas, como a cessão em usufruto de terras estatais a produtores privados. Fontes oficiais disseram que o método poderia ser estendido, corrigindo alguns "erros".

Todas as medidas estão em consonância com o discurso do atual presidente, Raúl Castro, no último aniversário da Revolução, em 26 de julho, na província de Camaguey. Na ocasião, ele disse que "para ter mais, é preciso produzir mais e com sentido de racionalidade e eficiência, de forma que possamos reduzir importações, em primeiro lugar de alimentos que crescem aqui, cuja produção nacional ainda está longe de satisfazer as necessidades".

"Estamos diante do imperativo de aumentar a produção, com tratores ou com bois, como se fazia antes de existir o trator; de generalizar com a maior rapidez possível, ainda que sem improvisos, cada experiência dos produtores destacados, tanto do setor estatal como do camponês, e de estimular convenientemente o duro trabalho que realizam em meio ao calor sufocante de nosso clima", disse.

"Para alcançar este objetivo será preciso introduzir mudanças estruturais e de conceitos que se mostrem necessárias", anunciou. As vendas de equipamentos para a lavoura e outros artigos a camponeses ocorridos esta semana, estariam no marco dos "esforços" do governo para estimular o setor, que tem sofrido um êxodo de mão-de-obra — especialmente entre filhos de camponeses que preferem se mudar para a cidade, e iniciar estudos tecnológicos ou universitários em outros setores.

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