Parlamentares da oposição argentina acusaram formalmente ontem integrantes do governo da presidente Cristina Kirchner de tentar pressionar e subornar congressistas para aprovar o orçamento federal.
A deputada Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, condenou o silêncio de seus colegas, que teriam conhecimento de detalhes sobre os casos subornos. “É a Lei da Omertà (código do silêncio da máfia siciliana)”, lamentou. Elisa acusou o ministro do Planejamento, Julio De Vido, de estar por trás de pressões e propinas a deputados da oposição.
Realizadas durante a reunião da comissão parlamentar de assuntos constitucionais, as acusações também atingiram a deputada kirchnerista Patricia Fadel, segunda vice-presidente da Câmara. Patricia é considerada parte da tropa de choque de Cristina no Congresso, principal defensora de projetos controvertidos como o projeto de lei sobre a imprensa argentina.
A sessão terminou em tumulto no início da noite quando o deputado Carlos Kunkel, uma das principais figuras do kirchnerismo na Câmara, levou uma bofetada da presidente da comissão parlamentar constitucional, a deputada Graciela Camaño, peronista dissidente. Segundo a deputada, Kunkel havia ofendido seu marido, o líder sindical Luis Barrionuevo, suspeito de vários casos de corrupção.
A crise começou na semana passada, quando doze deputados da oposição ausentaram-se do plenário pouco antes da votação, favorecendo o governo. Outros quinze deputados teriam recebido propostas do governo para não barrar a lei orçamentária.