O governo Hugo Chávez promulgou um decreto que obriga os centros comerciais a fechar suas portas várias horas antes do habitual, como forma do esforço de racionamento de energia no país. A nova regra, publicada no Diário Oficial, entrou em vigor no dia 1º de janeiro. Os centros comerciais só poderão funcionar entre as 11 e as 21 horas, enquanto os cassinos ficarão abertos entre as 18 horas e a meia-noite.
Muitos venezuelanos temem que a medida possa resultar na redução dos empregos em estabelecimentos como bares, restaurantes, cinemas e cassinos. O governo, no entanto, espera reduzir em 20% o consumo de energia, na comparação com igual período do ano anterior.
“O descumprimento da economia energética implicará numa sobrecarga tarifária de 20% na primeira infração e 10% adicionais por cada reincidência”, diz o decreto. Também estão previstas outras sanções, como o corte dos serviços por 24 horas ou por 72 horas, se houver reincidência.
As restrições se estenderam aos avisos publicitários, que só poderão utilizar lâmpadas incandescentes e fluorescentes de menor potência. “As ruas estão mais escuras que antes”, lamentou Carolina Pérez, estudante de 23 anos, que caminhava ontem de sua casa ao centro de Caracas. A preocupação da estudante é com assaltos.
Na Venezuela, a criminalidade tem aumentado e algumas pesquisas mostram que esta é uma das principais preocupações da população. José Yañez, cozinheiro de 27 anos, disse temer que o fechamento antecipado de bares, restaurantes, discotecas e cinemas provoque demissões em massa. A Câmara Venezuelana de Centros Comerciais (Caveco) pediu uma audiência com o ministro da Eletricidade para solicitar que o horário de fechamento seja adiado por duas horas.
Um seca prolongada, atribuída ao fenômeno climático El Niño, afetou as maiores centrais hidrelétricas do país, responsáveis por cerca de 75% da eletricidade consumida. A oposição afirma que o déficit de eletricidade é consequência da falta de planejamento e das medidas de Chávez em seus quase 12 anos de governo. Desde 2004, as tarifas de eletricidade estão congeladas, o que traz poucos incentivos para a economia de energia.