O presidente afegão Hamid Karzai se reuniu com representantes de um grupo insurgente ligado ao Taleban. A medida foi um passo na tentativa de reconciliação nacional, disse hoje o porta-voz presidencial Hamed Elmi, que não especificou quando a reunião com a delegação aconteceu, nem divulgou qualquer detalhe sobre o que foi discutido.

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Um integrante do movimento insurgente Hizb-i-Islami, liderado pelo ex-ministro Gulbuddin Hekmatyar, disse que a reunião aconteceu na manhã desta segunda-feira e que novas negociações são esperadas. “Eu posso confirmar que a delegação do Hizb-i-Islami chegou a Cabul com um plano e se reuniu com o presidente”, disse Elmi.

O governo dos EUA declarou Hekmatyar um “terrorista global” em fevereiro de 2003, alegando que ele participou e deu apoio a atos terroristas realizados pela Al-Qaeda e pelo Taleban. A menos que essa designação seja alterada, ela pode complicar qualquer movimento dos Estados Unidos para assinar um acordo.

No entanto, conversar com o Taleban e com outros grupos insurgentes é uma iniciativa que está ganhando força no Afeganistão, ao mesmo tempo em que soldados dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) lutam para reverter as conquistas dos insurgentes. Hoje, a Otan informou que mais dois soldados foram mortos em explosões separadas no sul afegão, mas não disse de que países eram os dois militares.

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Além de tentar se reconciliar com líderes insurgentes, o governo afegão está finalizando um plano para o uso de incentivos econômicos para convencer combatentes de baixo e médio escalões a deixarem a insurgência.

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Reivindicações

O líder da delegação do movimento Hizb-i-Islami é Qutbudin Halal, que foi vice-primeiro-ministro no governo do presidente Burhanuddin Rabbani na década de 1990. Também faz parte do grupo o cunhado de Hekmatyar. Representantes do grupo, cujos combatentes operam no leste e norte do país, disseram que a delegação levou um plano de 15 pontos e que pede a retirada de todas as tropas estrangeiras do país no prazo de seis meses, a partir de julho, um ano antes de o presidente Barack Obama iniciar a saída das forças norte-americanas do Afeganistão.

O plano também pede que o atual Parlamento afegão continue no cargo até dezembro. Depois disso, o Parlamento seria substituído por um governo interino, ou shura, que realizaria eleições locais e nacionais no prazo de um ano. Uma nova Constituição seria escrita, fundindo a atual com uma anterior.

“Combatentes estrangeiros não permanecerão no Afeganistão após a retirada das tropas estrangeiras”, segundo uma versão do plano enviada por e-mail por um integrante do Hizb-i-Islami para a agência de notícias Associated Press. O porta-voz-chefe de Karzai, Waheed Omar, disse que a delegação havia apresentado o plano mas “nós ainda não o estudamos”.

“O presidente vai estudar o conteúdo, mas não estamos numa posição de poder comentar o conteúdo que eles forneceram”, disse Omar. Harun Zarghun, porta-voz-chefe do Hizb-i-Islami, disse que a delegação também espera se reunir com líderes do Taleban no Afeganistão. A embaixada dos Estados Unidos, porém, disse que não haverá tais reuniões com funcionários norte-americanos.

Baixas

Dois soldados da (Otan), um deles britânico, foram mortos por bombas no sul do Afeganistão nesta segunda-feira, informou a Aliança Atlântica, elevando a 128 o número de soldados estrangeiros mortos no país neste ano.

As baixas ocorreram em dois incidentes separados. O Ministério da Defesa do Reino Unido informou que o soldado britânico foi morto na província de Helmand, elevando a 31 o número de soldados britânicos mortos no Afeganistão neste ano.

Um porta-voz da Força de Assistência de Segurança Internacional (Isaf, na sigla em inglês) confirmou que o britânico foi um dos dois soldados mortos, mas se recusou a informar a nacionalidade do outro soldado que morreu.

No total, 276 soldados britânicos foram mortos desde que as operações militares começaram no Afeganistão em 2001. Com informações da Dow Jones.