Governadores de oposição a Evo saem após referendo

Dois governadores de oposição a Evo Morales abandonaram os cargos depois de terem sido derrotados no referendo revogatório de domingo (10), enquanto outros quatro ratificados discutiam qual estratégia adotar para enfrentar o presidente boliviano. O governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, deixou hoje o cargo para seu vice. O de La Paz, José Luis Paredes, anunciou que deixará a função quando Morales designar seu vice.

Com 75% das mesas apuradas, Morales teve seu mandato confirmado por 65% dos bolivianos, 11 pontos porcentuais a mais do que quando foi eleito. Apesar de o resultado final ainda ser desconhecido, a expectativa é de que o referendo revogatório tenha mudado o equilíbrio de poder na Bolívia. Antes da votação, sete dos nove Estados bolivianos eram controlados pela oposição a Morales. Pelos resultados atuais, as projeções indicam que cinco ficarão com a oposição e quatro, com o governo central.

Reyes Villa vinha questionando a legalidade do referendo e antecipado que resistiria à destituição, mas hoje deixou o cargo disse Jhonny Ferrel, seu principal assistente. As eleições regionais para determinar quem sucederá os governadores revogados pelos eleitores bolivianos ainda não têm data marcada. Enquanto isso, quatro governadores que encaminham suas regiões rumo à autonomia, se reunirão amanhã para avaliar os resultados e definir uma estratégia política, disse o secretário de autonomia da prefeitura (Estado) de Santa Cruz.

Os prefeitos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, os mais ferrenhos opositores de Morales, anunciaram que acelerarão os processos de autonomia de suas regiões, qualificados como “ilegais” pelo governo central. Os estatutos de autonomia também foram aprovados no referendo de domingo. Os quatro, mais a governadora de Chuquisaca, Savina Cuéllar, se reunirão em Santa Cruz. A principal bandeira dos governadores de oposição deve ser a insistência na devolução do Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos (IDH) aos Estados. Atualmente, o governo central boliviano utiliza os recursos arrecadados com a taxa para pagar uma aposentadoria universal a todos os idosos.

Dabdoub insistiu que, se Morales quer abrir uma negociação “sincera” com as regiões “terá que mostrar com atos”. E isso, segundo ele, passa por devolver aos Estados o dinheiro hoje utilizado para pagar pensões aos aposentados. Ainda de acordo com Dabdoub, a negociação precisaria ser feita por com a ajuda de mediadores internacionais porque a oposição “não confia” em Morales. O presidente da Bolívia anunciou na segunda-feira que convocará um diálogo com todos os setores uma vez que estiverem disponíveis os resultados oficiais do referendo, o que está previsto para a próxima semana.

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