Em entrevista a uma estação de rádio hoje, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, explicou que a festa oficial de Halloween foi cancelada por causa da tempestade Sandy. E alertou: “Peço aos nova-iorquinos paciência, paciência e paciência. Será um dia difícil.”
Com o metrô, principal meio de transporte, ainda fora de funcionamento e com a circulação de ônibus ainda muito limitada, a cidade entrou em colapso com o trânsito em seu primeiro dia “útil” após a passagem do Sandy, na segunda-feira.
Encontrar um táxi, procedimento quase banal na metrópole, tornou-se uma tarefa inglória.
Ao encontrar um carro livre, primeiro era preciso responder ao taxista -os cariocas já ouviram isso antes: “Aonde você vai?”. Corrida curta, nem pensar!
No Brooklyn, a espera por um táxi em uma das vias mais movimentadas da região levou pelo menos 30 minutos.
Com a escassez de táxis, dividi um até Manhattan com uma vizinha, que saia na mesma hora.
O caminho de casa até a ilha, passando pela cinematográfica ponte do Brooklyn, geralmente é percorrido em 20 minutos de carro. Com o trânsito paulistano de Nova York nesta quarta-feira, a viagem durou uma hora a mais.
As geralmente rápidas vias de acesso a Manhattan ficaram travadas, andando lentamente na maior parte do dia.
No sul de Manhattan, onde desci do carro com a vizinha, ainda faltava luz e sobrava confusão. A região foi a mais danificada na cidade pela passagem do Sandy.
As equipes de segurança ainda continuavam a trabalhar na limpeza e reparação da área, mas os nova-iorquinos tentavam dar um ar de normalidade à situação.
Os tradicionais carrinhos de comida voltaram às ruas e até algumas lojas no Soho abriram, mesmo sem luz.
Em uma delas, que recebia ao menos uma dúzia de clientes à luz de velas, o vendedor explicou: “As pessoas precisam de entretenimento. Depois de tudo o que aconteceu, elas ficam mais felizes comprando”.
O burburinho em Midtown parecia o mesmo de todos os dias. Mas como faltava energia em muita parte e muitos sinais de trânsito estavam desligados, as ruas se transformaram num enxame de carros, bicicletas, engravatados e turistas brasileiros que passeavam com sacolas nas mãos.
A noite desceu em Manhattan mas ainda faltava a paciência que tanto pediu o governador Cuomo. As ruas continuavam congestionadas, e o som das buzinas tomava o lugar das sirenes que tocaram incessantemente nos últimos dois dias.
“Bem-aventurados os que andam de bicicleta”, gritou um Batman que descia pedalando a Quinta Avenida, ao que parece indo à sua festa de Dias das Bruxas que furacão nenhum conseguiu cancelar.