Uma missão científica da organização ecologista Greenpeace que inspecionou os glaciares na zona antártica do Chile e da Argentina detectou uma “dramática” redução e anunciou que informará essa situação na próxima Convenção da Diversidade Biológica, que ocorrerá na Malásia entre 9 e 20 de fevereiro.

A bordo do navio Arctic Sunrise, o grupo pesquisou a situação dos glaciares e dos bosques do sul do Chile, nas regiões de Aysén e Magallanes.

O grupo procura comprovar os danos que as mudanças climáticas geram nos gelos da Patagônia e pesquisar o estado dos bosques nativos do Chile e eventuais ameaças contra o ecossistema.

“A mudança climática é um fato. Devido ao aumento das temperaturas, os glaciares estão retrocedendo em todo o mundo. E os campos de gelo no norte e no sul da Patagônia não são exceção”, afirmou Joris Thijssen, coordenador da campanha climática da Greenpeace Internacional.

O trabalho de pesquisa incluiu os glaciares Grey, HPS 31, HPS 12, Pio XI, San Quintín e San Rafael e, segundo Thijssen, todos eles, com exceção do glaciar Pio XI, sofrem constante diminuição.

“São os glaciares que mais rapidamente estão retrocedendo em todo o mundo. O derretimento dos gelos aumenta o nível do mar e ameaça as populações que vivem nas áreas costeiras”, afirmou o coordenador da Greenpeace. Ele acrescentou que se o nível do mar subir um metro e meio, milhões de pessoas em todo o mundo sofrerão com as inundações.

Gavin Edwards, encarregado da coordenação global da Campanha de Bosques da Greenpeace Internacional, advertiu que os bosques temperados da Patagônia são de especial interesse por sua ocorrência endêmica (espécies que só existem ali) e pela riqueza ecológica.

Edwards pediu ao governo do Chile que adote as medidas necessárias para garantir a proteção e conservação desses bosques, evitando que sejam ameaçados por projetos que não sejam sustentáveis.

“A Patagônia é um dos lugares mais primitivos e originais do planeta e cada vez mais aumenta o interesse em desenvolver projetos relacionados com turismo, ecoturismo e outras atividades tradicionais”, explicou. “No entanto, a região é vulnerável à destruição por projetos como o da Alumysa, que aguarda autorização do governo”, declarou Edwards.

Alumysa é um projeto para instalar na região de Aysén uma enorme central de produção de alumínio, que requer a construção de três usinas hidrelétricas que aproveitariam as águas dos rios da região. O projeto geraria risco de afetar a limpeza das águas em toda a zona.

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