Começou hoje o julgamento de Omar Khadr, oito anos após a sua captura, quando era um adolescente, no campo de batalha no Afeganistão. Khadr é o mais jovem detento na prisão norte-americana da Base Naval de Guantánamo, em Cuba.
Um juiz militar dos Estados Unidos determinou ontem que supostas confissões feitas pelo canadense Khadr poderão ser usadas contra ele, descartando argumentos de que elas foram obtidas após maus tratos. Khadr é acusado de matar um soldado norte-americano.
Khadr tinha apenas 15 anos quando foi capturado, em 2002. Sua idade expôs a administração do presidente dos EUA, Barack Obama, a críticas de grupos que defendem os direitos das crianças e adolescentes. A promotoria receberá um exame detalhado, uma vez que esse é o primeiro julgamento dos tribunais de crimes de guerras herdados da administração do ex-presidente dos EUA, George W. Bush.
Júri
O júri é formado por vários oficiais dos EUA. Os argumentos de abertura são esperados para amanhã, em um julgamento cuja duração deverá ser de três semanas. Enquanto a promotoria militar, que faz a acusação, descreve Khadr como um combatente determinado e perceptivo da Al-Qaeda, os advogados de defesa afirmam que ele foi uma vítima forçada pela família a combater os norte-americanos.
A família do rapaz tinha laços com Osama bin Laden. Seu pai, Ahmed Said Khadr, era um cidadão canadense nascido no Egito e um suposto financiador do terrorismo. “Ele não é um verdadeiro guerreiro do Taleban, é um garoto que foi colocado numa situação desafortunada”, disse Dennis Edney, advogado canadense de Khadr.
Histórico
Em 2002, Khadr foi capturado logo após um combate entre soldados norte-americanos e militantes da Al-Qaeda, no leste do Afeganistão. Quando os soldados entravam no esconderijo do grupo terrorista, ele supostamente teria jogado uma granada que matou o sargento Christopher Speer. Khadr recebeu dois tiros nas costas durante o combate. Ele foi tratado por médicos dos EUA e depois enviado à prisão de Guantánamo.
Khadr nega ter jogado a granada e declarou-se inocente ontem de todas as cinco acusações feitas contra ele, as quais envolvem assassinato, conspiração e espionagem. Se condenado, ele poderá ser sentenciado à prisão perpétua, que é a pena máxima para seu caso. Mas os advogados de Khadr afirmam que a acusação se baseia em provas que foram extraídas após torturas no Afeganistão e em Guantánamo.