O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, manteve hoje tropas para bloquear o acesso ao local onde o rival político dele, Alassane Ouattara, tem vivido. Um dia antes, Gbagbo havia se comprometido a encerrar o cerco de três semanas. Forças de segurança bloqueiam o acesso do Hotel Golf. Ouattara está cercado no local desde que a violência começou pelo país, após as contestadas eleições de novembro. Ouattara foi apontado inicialmente como vencedor nas urnas e reconhecido como tal pela comunidade internacional. Gbagbo, porém, recusa-se a deixar o posto.
Um enviado da União Africana afirmou hoje que os mediadores da crise farão um esforço extraordinário para negociar com Gbagbo e evitar mais derramamento de sangue. Os líderes do oeste da África já ameaçaram usar a força militar para depor Gbagbo, que se nega a renunciar após mais de um mês de uma declaração das Nações Unidas de que Ouattara foi o vencedor das eleições.
O primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, uniu-se às negociações recentes na Costa do Marfim. Ele disse que, por sua experiência, essa mediação leva tempo. No Quênia, rivais políticos contestaram os resultados eleitorais há três anos, o que causou incidentes violentos que mataram cerca de mil pessoas. Os políticos quenianos acabaram fechando um acordo para encerrar a crise: Odinga tornou-se premiê e seu rival político Mwai Kibaki ficou com a presidência.
Na Costa do Marfim, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental tentam que Gbagbo, há dez anos no poder, renuncie pacificamente para o rival assumir. Odinga disse em Nairóbi que a força deve ser o último recurso, para se evitar mortes. Odinga representou a União Africana quando um grupo de presidentes da região foi à Costa do Marfim para tentar convencer Gbagbo a renunciar, sem sucesso. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.