O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, negou hoje que o Brasil esteja defendendo o Irã. “Quem lhe disse que estamos defendendo o Irã? Isto é uma versão que vocês (da imprensa) estão tentando passar, que nós estamos defendendo o Irã. Nós não estamos defendendo o Irã coisa alguma”, disse Garcia, após reunião da Cúpula Brasil – Comunidade do Caribe (Caricom), no Itamaraty.
Ele explicou que o Brasil tem dito que é a favor da negociação com o Irã de uma solução pacífica para o impasse envolvendo o programa nuclear. “Outros países querem satanizar o Irã, excluindo-o através de uma série de sanções que não têm nenhum efeito, a não ser solidificar mais o Irã contra uma suposta ameaça externa”, disse. “Parem com esta história de que somos aliados do Irã, de que somos amigos do Irã. Nós estamos simplesmente querendo trazer o Irã para uma negociação, para uma solução diplomática. Nós temos nesse particular, apoio de praticamente todos os países do mundo. Mesmo o presidente Obama (Barack Obama, presidente dos Estados Unidos), que tem uma posição tão dura, ele tem estimulado que mantenhamos negociações com o Irã para obter essa solução pacífica”, acrescentou.
Questionado se as declarações do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que disse que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) é satânico por propor sanções ao seu país, não atrapalharia as pretensões do Brasil de conseguir assento na ONU, Garcia respondeu: “Uma das coisas importantes é você se colocar na cabeça dos outros para entender o sentido das palavras. Eu procuro, sempre quando eu leio os jornais, ouço as rádios e vejo a TV, eu procuro me colocar na cabeça de quem está produzindo aquele texto. Satânico lá significa uma determinada coisa, como num certo momento”.
A avaliação de Garcia é de que há uma disposição de Ahmadinejad de reatar o diálogo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “Nossa preocupação é uma só. Nós queremos que o Irã se submeta às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Se ele fizer isso, nós ficaremos muito satisfeitos”, disse. Questionado então sobre o que aconteceria se o Irã não fizesse isso, ele respondeu que, primeiro, vai apostar que o Irã vai se submeter às inspeções. “Queremos que o governo iraniano tenha exatamente o mesmo tipo de atitude que o governo brasileiro tem”.
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