Desafiadas pelo preço recorde do barril do petróleo, as economias líderes do mundo e maiores consumidoras de combustíveis fizeram neste domingo (8) um apelo por mais investimento em energias eficientes e renováveis, ao mesmo tempo que alertaram para os riscos de uma recessão mundial. As cinco maiores economias consumidoras de energia do mundo – Estados Unidos, Japão, China, Índia e Coréia do Sul – alertaram que os altos preços dos combustíveis são uma ameaça à economia mundial, e mais petróleo precisa ser produzido. Os ministros de Energia desses países alertaram que os preços mais altos do petróleo são uma ameaça não apenas para os consumidores, mas também para os produtores, além de colocarem um "fardo pesado," sobre os países em desenvolvimento.
Os cinco países divergiram, no entanto, sobre os subsídios à produção petrolífera. A Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que apenas China, Índia e países do Oriente Médio destinaram US$ 55 bilhões em subsídios à produção petrolífera em 2007.
Em comunicado conjunto, os ministros de Energia do G-8, grupo formado pelos sete países mais industrializados e a Rússia, bem como representantes da China, Índia e Coréia do Sul, que participaram do encontro, instaram os produtores de petróleo a aumentarem a produção, estagnada em 85 milhões de barris diários desde 2005, e pediram a cooperação entre produtores (de petróleo) e países consumidores.
Controle de consumo
Com poucas perspectivas de um aumento rápido na produção a curto prazo, o foco do encontro deste domingo foi o que as nações mais ricas precisariam fazer para controlar o consumo de combustíveis enquanto também precisam reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), culpadas como determinantes para o aquecimento global.
"Nós também precisamos lidar com o lado da demanda que está na equação," disse John Hutton, secretário de Negócios da Grã-Bretanha. "Nós faremos isso com novas medidas para melhorar a eficiência energética e acelerar as mudanças para uma nova forma de geração de energia, com baixo uso de carbono e queima de combustíveis fósseis." Especialistas em energia dizem que muitos produtores de petróleo têm uma baixa habilidade em expandir a produção. A exceção é a Arábia Saudita, que atualmente produz 9,4 milhões de barris diários e tem a capacidade de aumentá-la em 2 milhões de barris diários, mas não faz isso.
Embora as nações reunidas hoje no Japão não tenham feito um apelo por somas específicas de investimentos, elas afirmaram que farão metas de acordo com recomendações da AIE, para uma vasta expansão em direção a energias que não usem a queima do carbono, como a nuclear, e por maior eficiência energética.
Os países dos G8 – Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Canadá e Rússia – farão 20 projetos até 2010 da chamada "captura e armazenamento de carbono", que permitiriam às usinas de eletricidade capturar as emissões de dióxido e injetá-las em depósitos subterrâneos de armazenamento.
Embora essa tecnologia de armazenamento do dióxido ainda esteja em seus estágios iniciais, seus defensores afirmam que ela permitirá uma exploração futura ainda maior dos abundantes suprimentos mundiais de carvão barato, sem expandir a poluição mundial e alimentar o aquecimento global.
Usinas Nucleares
O comunicado deste domingo também insta os países a reforçarem a segurança nuclear, mas várias nações – os EUA, Grã-Bretanha e Canadá – disseram estar determinadas a construir mais usinas nucleares. Na semana passada, a AIE publicou um relatório no qual estima que o mundo precisará de 32 novas usinas nucleares a cada ano, de 2008 até 2050, como parte de um esforço mundial para cortar as emissões de gases poluidores.
A Alemanha afirma que não construirá mais usinas nucleares. O Japão considera a hipótese. "A situação provocada pelos altos preços da energia está virando cada vez mais desafiadora," alertou Akira Amari, ministro de Energia e Comércio do Japão. "Se nós não lidarmos com ela, é provável que provoque uma recessão na economia mundial.