Dezenas de milhares de poloneses cantaram o hino nacional e jogaram flores no carro funerário que transportou o corpo do presidente Lech Kaczynski ao palácio presidencial neste domingo. O mandatário polonês, sua esposa Maria e outras 94 pessoas morreram ontem num desastre aéreo na Rússia. O corpo de Kaczynski foi recebido pela filha do casal Marta e por Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente morto e ex-primeiro-ministro da Polônia.

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O avião que transportou o corpo de Kaczynski chegou da cidade russa de Smolensk nesta manhã. No total, 96 pessoas morreram no desastre, informou o governo da Rússia, revisando a informação inicial de que 97 pessoas haviam morrido no acidente aéreo. O presidente polonês, o comandante da Marinha da Polônia, o chefe de Estado-maior das Forças Armadas e o presidente do Banco Central estavam no avião. A comitiva iria prestar uma homenagem a 22 mil militares poloneses mortos pela NKDV, a polícia secreta da União Soviética, em 1940, sob as ordens do ditador Joseph Stalin.

Segundo informações da agência Ansa, os corpos de todos os outros mortos no desastre foram levados a Moscou, onde serão identificados. A mãe de Lech Kaczynski, Jadwiga, foi hospitalizada.

O porta-voz do governo, Pawel Gras, disse que as Forças Armadas e os escritórios do governo continuam a funcionar normalmente, apesar da perda. Michael Boni, funcionário do escritório do primeiro-ministro Donald Tusk, disse que o governo permanece em contato constante com o vice chefe do Banco Nacional da Polônia, o BC polonês, Piotr Wiesiolek. Ele disse que o comitê de política monetária terá um encontro amanhã.

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O presidente em exercício, o líder do Parlamento Bronislaw Komorowski, disse que convocará eleições em 14 dias. As eleições deverão acontecer em 60 dias após a convocação.

Kaczynski deu indicações de que buscaria um segundo mandato nas próximas eleições, mas enfrentaria uma dura disputa com Komorowski e seu partido governista, o moderado Plataforma Cívica. Kaczynski era do partido conservador.

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Investigações

Em Moscou, o Ministério dos Transportes da Rússia disse que investigadores russos e poloneses começaram a decifrar os dados gravados do voo do Tupolev 154, que caiu enquanto tentava pousar em meio a um denso nevoeiro em Smolensk.

O governo regional de Smolensk disse que a torre de controle do aeroporto alertou os pilotos poloneses a não tentarem pousar no aeroporto militar da cidade russa por causa do intenso nevoeiro. Segundo os russos, os pilotos foram aconselhados a desviar o voo para Moscou ou para Minsk, a capital da Bielo-Rússia.

O ex-presidente da Polônia, prêmio Nobel e fundador do movimento Solidariedade, Lech Walesa, disse que é muito cedo para culpar qualquer pessoa pelo desastre. “Alguém deveria estar tomando decisões naquele avião. Não acredito que o piloto tenha tomado decisões sozinho” disse Walesa. “Isso não é possível. Eu voei muito como presidente e sei que quando existiam dúvidas durante o voo, os pilotos sempre perguntam aos líderes e pedem uma decisão, e a partir disso, eles decidem. Algumas vezes, a decisão era contra as instruções do líder”, afirmou Walesa.