O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, disse hoje que em 2000 deu US$ 15 milhões do Tesouro público para seu ex-assessor Vladimiro Montesinos com o objetivo de evitar um golpe de Estado que ele estava planejando. “O desembolso dos US$ 15 milhões, o fiz obrigado, porque estava em risco a estabilidade do país devido ao controle total sobre a cúpula militar que havia adquirido o ex-assessor Vladimiro Montesinos e o consequente risco que significava um golpe de Estado”, disse Fujimori ao Tribunal, onde passa por um terceiro julgamento, iniciado na segunda-feira.

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Fujimori disse que no dia 22 de setembro de 2000, oito dias depois da difusão de um vídeo que comprometia Montesinos e que o obrigou a retirá-lo do cargo, entregou o dinheiro a seu ex-assessor após uma negociação realizada por seu então ministro da Economia, Carlos Boloña. “(Carlos Boloña) entrou em contato com Vladimiro Montesinos e o próprio Boloña, por sua própria iniciativa, propôs a Montesinos desistir de sua intenção de um golpe de Estado em troca de um pagamento (em dinheiro)”, defendeu-se Fujimori.

O ex-presidente, que cumpre pena de 25 anos de prisão por violações aos direitos humanos, disse também que Montesinos queria provocar um golpe de Estado devido a sua decisão de entregar o cargo a o então vice-presidente Francisco Tudela, com quem pretendia concorrer a um terceiro mandato nas eleições de julho de 2000.

O Ministério Público pede que o terceiro processo penal contra Fujimori resulte numa condenação de oito anos de prisão, que ele não possa exercer cargos públicos e que o ex-presidente pague US$ 670 mil. A defesa de Fujimori afirma que ele não pode ser condenado por ter entregue US$ 15 milhões a Montesinos porque restituiu o dinheiro ao erário um mês e meio depois do pagamento. A Promotoria assinala que o dinheiro restituído é o mesmo que Fujimori entregou a Montesinos e mostra a necessidade de investigar de onde o ex-presidente retirou os recursos que devolveu ao fisco, mesmo que este dado não esteja sendo investigado.

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