Franceses enfrentam segundo dia de greve

Trabalhadores franceses se acotovelaram em ônibus e trens de metrô lotados hoje, o segundo dia de uma greve sem período definido contra o projeto do presidente Nicolas Sarkozy de elevar para 62 anos a idade para aposentadoria. O governo mantém-se firme em relação ao projeto, apesar das manifestações.

Os trabalhadores do setor ferroviário decidiram estender a greve pelo terceiro dia, na expectativa de manter o clima que levou ontem 1,2 milhão de pessoas às ruas de todo o país. Grevistas continuam de braços cruzados nas refinarias, elevando o temor sobre falta de gasolina nos postos de combustível. Em outros setores, porém, a greve parece perder força.

Sarkozy disse a seu governo para manter o projeto da reforma “com determinação e sangue frio”, apesar da resistência popular, informou seu gabinete. Segundo o governo conservador, elevar a idade para aposentadoria de 60 aos para 62 anos é a única forma de salvar o sistema previdenciário francês. A reforma ocorre em meio aos esforços em toda a Europa para a reduzir dívidas que ameaçam o euro e a reputação financeira do continente.

O ministro do Trabalho Eric Woerth enfatizou que “os protestos de rua não significam que vamos rasgar uma reforma indispensável”. Falando aos jornalistas após a reunião de gabinete hoje, Woerth disse que a reforma “trata-se de nada menos do que salvar nosso sistema” previdenciário.

Os serviços do sistema de metrô de Paris e das linhas de ônibus foram cortados em 25%, e cerca de um quarto dos trabalhadores do setor de transporte público de Paris continuavam de braços cruzados. Ontem, esse porcentual foi de 40%, segundo a RATP, a autoridade de transporte público. As viagens para outras cidades francesas, bem como os trens que circulam ao redor de Paris, também foram afetados.

Apenas um em cada três trens de alta velocidade está em funcionamento e mais da metade das viagens de trens regulares foram canceladas, informou a SNCF, a operadora nacional de trens. Já os trens da Eurostar, que ligam a França à Grã-Bretanha, funcionam normalmente. Hoje, os turistas puderam visitar a torre Eiffel, que ontem ficou fechada.

Nos dois principais aeroportos da capital francesa, o Charles de Gaulle e o de Orly, as operações voltaram ao normal, após vários cancelamentos de voos de curta e média distâncias ontem, informou o porta-voz da autoridade civil aeroportuária, Eric Heraud. Ele disse, porém, que pode haver problemas mais tarde, quando ocorrer a troca de turno dos controladores de voo.

Os trabalhadores das seis refinarias francesas da petrolífera Total mantiveram o protesto. Comunicado divulgado pelos líderes sindicais hoje diz que “nenhuma gota de petróleo” foi produzida nas instalações da Total desde a manhã de ontem.

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