O espaço aéreo da maior parte da França foi reaberto hoje, mas os céus da Alemanha permanecerão fechados até as 15 horas (de Brasília), embora a Deutsche Lufthansa e a Air Berlin tenham recebido permissão para alguns voos de “visão”, em altitudes mais baixas e sob o controle de pilotos, não de instrumentos. Os transtornos são causados pelas cinzas do vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia.
As companhias aéreas se apressavam para tirar suas aeronaves do solo. A alemã Lufthansa operará cerca de 200 voos hoje, entre eles a maioria dos adiados em dias anteriores, disse uma porta-voz. O ministro da Ecologia da França, Jean-Louis Borloo, disse à rádio RTL que três quartos dos voos internacionais previstos devem partir dos aeroportos de Roissy e Orly. A Air France-KLM afirmou que suas operações nesses dois terminais deve voltar ao normal.
A KLM, braço holandês da Air France-KLM, informou ter retomado hoje a maioria de seus voos intercontinentais e mais da metade de suas operações na Europa. A companhia informou que trabalhava para levar os passageiros presos de volta para suas casas o mais rápido possível.
Controladores do tráfego aéreo deram sinal verde para a retomada dos voos comerciais, mas as condições permaneciam variáveis em vários locais e algumas companhias tinham dificuldades para fazer planos. A Eurocontrol, agência que coordena o tráfego aéreo em 38 países da Europa, afirmou prever que 14 mil sejam realizados hoje. O número é praticamente a metade da média em um dia normal, que oscila entre 27 mil e 28 mil voos.
O vulcão da Islândia entrou em erupção na quarta-feira passada e lançou grandes quantidades de cinzas sobre o continente. Há o temor de que as partículas causem danos aos motores das aeronaves e possíveis acidentes. O serviço de controle de tráfego aéreo britânico (Nats, na sigla em inglês) informou que as últimas informações sobre o vulcão são de que a situação “hoje continuará a ser variável”.
Uma nova nuvem com cinzas vulcânicas do Eyjafjallajokull passará pelo Reino Unido e Dinamarca, mas não pela França, previu hoje o Centro Consultivo Europeu sobre Cinza Vulcânica. A nova nuvem de cinza deve chegar aos céus europeus hoje e o Reino Unido, em particular, deve sofrer mais transtornos.
Já a geofísica Sigrun Hreinsdottir, da Universidade da Islândia, afirmou que não houve sinais de aumento na atividade vulcânica hoje. Segundo a especialista, a tendência é que o vulcão perca força. Gudrun Nina Petersen, do Escritório Meteorológico Islandês, disse que o Eyjafjallajokull está claramente expelindo menos cinzas.
Os aeroportos na Escócia e no norte da Inglaterra reabriram hoje. Um porta-voz do operador de aeroportos BSS confirmou que os aeroportos em Glasgow, Edimburgo e Aberdeen estavam operando, mas outros – entre eles Heathrow, Stansted e Southampton – seguiam fechados.
A retomada de alguns voos de longa distância da British Airways a partir dos aeroportos de Londres foram revistos quando controladores de tráfego aéreo disseram que manteriam as restrições no céu do país. Apesar disso, alguns voos na capital britânica vindos da Ásia, da costa oeste dos Estados Unidos, do México e das Ilhas Maurício já partiram e devem chegar ao Reino Unido ainda hoje, informou uma porta-voz da empresa. A funcionária explicou que a empresa tem um plano de contingência, caso os aeroportos londrinos permaneçam fechados.
A agência de Serviços Nacionais de Tráfego Aéreo da Grã-Bretanha informou, em sua última atualização, que o espaço aéreo sobre a Escócia e o norte da Inglaterra, até o aeroporto de Newcastle, no sul, continuará funcionando até as 21h (horário de Brasília), mas as restrições continuarão a valer no restante da Grã-Bretanha abaixo da altitude de 20 mil pés. Voos acima desta altitude serão permitidos até as 21h para que os aviões sobrevoem a Grã-Bretanha.
A companhia aérea britânica deixou clara sua frustração com a decisão do Nats, tomada hoje. A British Airways declarou em comunicado que espera que, com base nos dados fornecidos pela indústria, a Autoridade de Aviação Civil “esteja na posição de fazer” com que o Nats reabra o espaço aéreo britânico e permita a retomada dos voos. “Lamentamos profundamente a grande inconveniência para nossos clientes resultante da decisão do Nats.” O órgão deve emitir uma nova atualização às 16h (de Brasília).
Custos
Companhias aéreas e operadores de turismo continuavam a estimar o impacto financeiro do caos. A companhia irlandesa Aer Lingus calculou custos totais com os cinco dias de problemas entre 15 milhões e 20 milhões de euros. A companhia previu que o custo diário varia entre 4 milhões e 5 milhões de euros, como resultado das perdas nos negócios e no apoio aos passageiros que não podem voar.
O setor industrial também sente o problema nas rotas globais. A japonesa Nissan Motor informou hoje que suspenderá temporariamente parte de suas linhas de produção domésticas, pois não conseguia importar sensores da Irlanda. O vulcão islandês deixou pelo menos oito milhões de passageiros em terra e custou às companhias aéreas pelo menos US$ 1 bilhão. As informações são da Dow Jones.
