França nega participação no genocídio de Ruanda

O ministério de Relações Exteriores da França definiu nesta quarta-feita (6) como “inaceitáveis” as acusações de um suposto envolvimento francês no genocídio de Ruanda, em 1994, feitas por uma comissão de investigação do país africano.

Também reagiu duramente o ex-ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, que negou qualquer participação da França no massacre. Juppé descreve como uma “falsificação inaceitável” e uma “tentativa torpe de reescrever a história” a acusação, que segundo ele “pretende transformar a França de ator empenhado à cúmplice” do massacre.

“Durante todo o período em que eu era chefe da diplomacia francesa [de 1993 a 1995] fizemos todo o possível para ajudar a reconciliação de Ruanda”, assegurou.

Um relatório da comissão de investigação sobre o genocídio de 1994, divulgado ontem em Kingali, capital de Ruanda, acusa o estado francês de ter “participado” de maneira ativa do genocídio, que matou pelo menos 800 mil pessoas, e deixa a entender pela primeira vez a possibilidade de procedimentos jurídicos contra dirigentes políticos da época.

No documento, entre os acusados de participação, estão nomes como o do ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin e do ex-presidente Jacques Chirac. “O apoio francês era de natureza política, militar, diplomática e logística”, afirma o documento.

Ruanda, no passado, já havia acusado a França de tentar esconder seu papel no treinamento das milícias da etnia hutu que realizaram os massacres e seu apoio ao líder das milícias. A França sempre negou as acusações.

O ministro da Justiça do Ruanda, Tharcisse Karuragama, em uma entrevista exclusiva ao site da revista ‘Nouvel Observateur’, afirma querer contatar seu homólogo parisiense, Rachida Dati, para pedir oficialmente a colaboração da justiça francesa na punição dos acusados.

“Em caso de dificuldades com a França”, declarou Karuragama, “poderemos buscar o tribunal internacional. Não queremos vingança, mas apenas que a verdade sobre o genocídio triunfe e que a justiça seja feita”.

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