Milhares de manifestantes, muitos tocando apitos e agitando bandeiras sindicais, marcharam em Paris e outras cidades da França nesta quinta-feira, dia de greves nacionais que mantiveram muitas crianças fora da escola, forçaram o fechamento da Torre Eiffel e cancelaram cerca de dois mil voos dentro e fora do país.
Aumentando a pressão sobre o já impopular governo socialista de François Hollande, os manifestantes protestaram contra cortes em instituições estatais, aumento da idade para aposentadorias e outras reformas trabalhistas.
As greves tiveram apoio também de grupos de profissionais liberais, como médicos e tabeliães. O movimento se somou à paralisação dos controladores aéreos e das empregados de rádios estatais.
Trabalhadores têm tradicionalmente constituído a base de apoio para o Partido Socialista de Hollande, e os protestos sugerem que o recente movimento do governo para o centro político – incluindo a reforma trabalhista apoiada por empresários – irritou a esquerda.
O analista Pascal Perrineau disse que a miscelânea de movimentos mostra que Hollande, que foi eleito prometendo ser um bom mediador, não foi claro o suficiente com os franceses sobre os seus planos para tirar o país da crise econômica. “Isso prova que ele [Hollande] perdeu o controle. Quando você é o presidente, não é suficiente apenas ser um negociador. Você tem de fixar uma linha clara para todos”, disse Perrineau, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
Os controladores de tráfego aéreo seguem no segundo dia em greve, o que levou ao cancelamento de cerca de dois mil voos, principalmente de rotas curtas e médias dentro e fora da França, segundo o porta-voz da Agência de Aviação Civil, Eric Heraud.
Os funcionários da Rádio France, emissora estatal, já estão em sua terceira semana de greve contra cortes no orçamento. Ferroviários, professores e trabalhadores do setor de saúde e energia paralisaram contra a chamada “Lei Macron”, proposta pelo governo, que pretende reduzir os benefícios trabalhistas em todo o país.
“Todos os direitos sociais estabelecidos na nossa legislação trabalhista estão sendo questionados com este projeto de lei”, disse Nicolas Mas, um professor que compareceu à manifestação em Paris. “Estamos de volta ao século XIX. É incrível. É a perda total de todos os benefícios da classe trabalhadora obtidos através dos anos.”
Um porta-voz da Torre Eiffel afirmou que o monumento fechou porque muitos funcionários participaram do protesto em solidariedade ao movimento. Muitos turistas ficaram indignados.
“É decepcionante que a Torre Eiffel esteja fechada nesta época do ano, com muitos visitantes”, afirmou Diane Powell, turista de Nova York. Fonte: Associated Press.P