A França elege neste domingo seu novo presidente, e ainda que o centrista Emmanuel Macron desponte como favorito, sua rival de extrema-direita e anti-União Europeia, Marine Le Pen, tem conseguido muitos apoiadores, o que tem gerado cautela nos mercados financeiros.

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Seja qual for o resultado da eleição presidencial, a escolha vai ressoar muito além das fronteiras da França. Os mercados financeiros assistirão a votação com uma atenção especial, uma vez que Le Pen segue firme em suas propostas de tirar a França da União Europeia (UE) e da zona do euro. Ainda que Macron apareça à frente de Le Pen, analistas apontam que as perspectivas de um “Frexit” (termo usado para caracterizar uma saída de França da UE) seria terrível.

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Pesquisa do Elabe divulgada ontem mostrava avanço de três pontos porcentuais nas intenções de voto para Macron na comparação com a sondagem anterior do mesmo instituto. O centrista conta agora com 62% da preferência dos entrevistados, contra 38% de Le Pen. Outras pesquisas recentes têm mostrado número similares, com ampla desvantagem para a candidata da extrema-direita. Embora as pesquisas apontem vitória de Macron, a cautela ainda permanece, uma vez que não se sabe ao certo o número de eleitores que vão às urnas.

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Muito pior do que a saída do Reino Unido da União Europeia (conhecido como Brexit), a saída da França dos dois blocos poderia significar a morte para a ideia de unidade da economia europeia, que emergiu da Segunda Guerra Mundial. A França é um dos principais motores da UE juntamente com a Alemanha.

Le Pen tem adiado dizer exatamente como ela poderia lidar com a UE como presidente, mas aproveitou um mal-entendido generalizado do bloco, culpando a UE pelos problemas econômicos e de segurança. Ela também culpa os acordos de livre comércio, dizendo que eles tiram os empregos dos franceses e que quer renegociá-los, o que causaria um estresse financeiro e com os parceiros comerciais da França.

Um Frexit poderia anunciar controles sobre transferências de dinheiro, fuga de capitais, uma alta na inadimplência e ações judiciais em obrigações e contratos. A equipe de Le Pen, no entanto,

minimiza cenários apocalípticos, argumentando que o euro, agora utilizado por 19 países, está indo para uma ruptura de qualquer maneira.

Se Le Pen tiver uma vitória surpresa, isso seria uma vitória retumbante para o populismo, iniciada pelos votos para o presidente dos EUA Donald Trump e o Brexit.

Enquanto isso, Macron é um progressista destemido que abraça a globalização e defendeu startups enquanto era ministro da economia da França. Ele se enquadrou como um baluarte contra o protecionismo de Trump e ganhou um endosso excepcionalmente alto desta semana do ex-presidente dos EUA Barack Obama.

Mesmo que Le Pen perca, no entanto, ela provou que o populismo é uma poderosa força na França que poderia dificultar a realização dos objetivos de Macron. Muitos que planejam votar em Macron no domingo não veem ele como um candidato ideal, mas sim como o menos pior.

Os cerca de 70 mil locais de voto abrem as portas amanhã a partir das 8h do horário local (3h de Brasília) e devem ficar abertas até às 20h, no máximo. As votações para cidadãos franceses em outros países começaram neste sábado. Cerca de 47 milhões de pessoas estão aptas a votarem, mas não se sabe ao certo o número de eleitores que devem comparecer aos locais de votação. Os resultados parciais e projeções das agências de pesquisas devem começar a sair a partir das 20h no horário local (15h de Brasília).

Seja quem for o vencedor, Macron (de 39 anos) ou Le Pen (de 48 anos), terão um mandato de cinco anos e precisarão de uma maioria para aprovar suas leis propostas. Todos os 577 lugares na Assembleia Nacional serão disputados em eleições legislativas que acontecem nos dias 11 e 18 de junho. Fonte: Associated Press