O anúncio de que o Irã notificou hoje formalmente a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre seus planos para produzir urânio enriquecido em porcentagem mais alta foi mal recebido por algumas potências. O ministro da Defesa da França, Hervé Morin, disse que seu país e os Estados Unidos buscarão sanções contra Teerã nas Nações Unidas.
Morin fez as declarações em Paris, após conversar com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates. O ministro das Relações Exteriores francês, Bernard Kouchner, afirmou que o Irã não tem capacidade para enriquecer urânio a 20% para utilizar em seu reator. Ele acusou a república islâmica de fazer “chantagem”.
O Irã anunciou à AIEA que pretende enriquecer urânio a 20%. O enriquecimento é um processo essencial para a geração de combustível utilizado no funcionamento de usinas nucleares. Caso esteja enriquecido a mais de 90%, o urânio pode ser usado em armas atômicas. O enviado iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, disse que inspetores da agência poderão monitorar totalmente o processo.
Críticas
Um porta-voz do governo alemão também criticou os planos do Irã. O funcionário disse que este é mais um sinal de que o governo iraniano não coopera com a comunidade internacional. O porta-voz advertiu também para o risco de novas sanções.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse, segundo a agência Interfax, que, na opinião de Moscou, o Irã deveria enviar urânio ao exterior, para que ele seja enriquecido. Com isso, haveria mais controle sobre o material, reduzindo a chance de haver desvio da substância para um suposto programa secreto de produção de armas.
O governo iraniano negocia a questão nuclear com o grupo chamado sexteto – EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, mais a Alemanha. Teerã diz ter apenas fins pacíficos, como a produção de energia, mas Washington desconfia da existência de um programa secreto para produção de armas. As informações são da Dow Jones.