Perto de completar quatro anos no poder, o presidente Rafael Correa, segundo diversos analistas, saiu fortalecido da crise política causada na quinta-feira pela rebelião nacional das forças policiais que exigiam a preservação de aumentos salariais e outros privilégios, entre eles o sistema de condecorações. Ontem, Correa, que tem mais de 60% de aprovação popular, afirmou pelo canal estatal 2 que não permitirá nova revolta e prometeu investigar o papel da oposição na tentativa de golpe contra seu governo. “Não conseguirão transformar o país em uma nova Honduras.”

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Exibindo calma, Correa disse que “ninguém deve se enganar, o pretexto era uma sublevação alegando assuntos salariais”. “Mas por trás disso havia uma intenção de matar o presidente”, afirmou. “Se fracassasse a estratégia de desestabilizar o governo, o plano B era assassinar o presidente”, afirmou Correa, em entrevista à TV pública. Como prova dessa tentativa, lembrou a morte de um policial leal ao governo, atingido por um disparo, momentos depois de ser resgatado de um hospital onde os rebeldes o mantiveram preso por várias horas na quinta-feira.

Fontes do governo ainda afirmaram que o presidente pretende reescrever partes da lei que causou a rebelião. Correa, porém, teria desistido de dissolver o Congresso. Segundo Mauro Cerbino, professor da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), o presidente saiu “fortalecido”. No entanto, ele considera que a rebelião policial é indício de “coisas graves” e, por este motivo, Correa terá de se empenhar para reverter o cenário de crise da semana passada. Outros analistas ressaltam que, apesar da vitória pessoal, a crise mostrou que o Equador pode ser o cenário de novas instabilidades institucionais que evidenciam a fraqueza da estrutura democrática. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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