Subiu para 123 o total de mortos pelas forças de segurança na Síria em dois dias de protestos contra o regime sírio. Testemunhas afirmaram que forças de segurança abriram fogo contra pessoas que participavam de procissões fúnebres, deixando pelo menos 11 mortos.
Ammar Qurabi, líder da Organização Nacional da Síria pelos Direitos Humanos, disse que 112 pessoas foram mortas ontem e pelo menos 11 morreram neste sábado (23). A sexta-feira foi de longe o dia mais sangrento dos protestos na Síria, com a polícia atirando deliberadamente, com munição de verdade, contra manifestantes.
Os parlamentares Nasser Hariri e Khalil Rifai, indignados com a violência da repressão do regime do presidente Bashar Assad contra os manifestantes, renunciaram. Os dois são da região de Deraa, no sul do país e onde os protestos começaram contra Assad em meados de março.
“Se eu não posso proteger o meu povo dessas balas traiçoeiras, então não existe mais motivos para que eu fique na Assembleia do Povo. Eu declaro minha renúncia”, disse o parlamentar Hariri à emissora de televisão Al Jazeera.
A renúncia dos dois foi o primeiro sinal de que existem divergências dentro do regime sírio, em um país onde quase todos os opositores foram presos ou exilados durante os 40 anos de dinastia e despotismo da família Assad.
“Eu não posso tolerar que o sangue dos nossos filhos inocentes seja derramado”, disse o xeque Rizq Abdul-Rahim Abazeid, logo após renunciar ao seu cargo de mufti (líder islâmico sunita) da cidade de Deraa.
A violenta repressão da sexta-feira ocorreu após Assad ter alertado, há uma semana, que qualquer prosseguimento nas manifestações seria considerado “sabotagem” após ele ter feito o gesto de suspender o odiado estado de emergência, que vigorava na Síria desde 1963.
A contagem de mortos não pode ser confirmada, uma vez que a Síria expulsou os jornalistas e restringiu o acesso aos locais problemáticos. As testemunhas falaram na condição de anonimato por medo de represálias.
O número crescente de mortes também aumenta a condenação internacional ao regime. Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, definiu como “ultrajante” o uso da força pelo regime. França e União Europeia também pediram à Síria que pare de reprimir violentamente as manifestações. As informações são da Associated Press.