Centenas de policiais e membros da Guarda Nacional reprimiram com gás lacrimogêneo, balas de borracha de jatos d’água lançados de caminhões-pipa centenas de milhares de opositores que tomaram a principal rodovia e algumas vias do leste de Caracas para tentar marchar rumo às proximidades do maior forte militar do país, no oeste da capital.

continua após a publicidade

O protesto contra o governo busca levar uma mensagem às Forças Armadas para que interrompam a repressão às manifestações, mas nunca chegou ao destino. Por mais de duas horas centenas de pessoas, algumas com rostos cobertos, se enfrentaram com a Guarda Nacional, lançando pedras, coquetéis molotov e excrementos. “Estão em tempo de parar sua loucura e respeitar a vontade do povo venezuelano”, afirmou em sua conta no Twitter o dirigente oposicionista Henrique Capriles, ex-candidato à presidência, ao criticar a ação das forças de segurança.

continua após a publicidade

A procuradora-geral Luisa Ortega Díaz questionou nesta semana a atuação da polícia e da Guarda Nacional, o que lhe rendeu duras críticas vindas de alguns membros do governo. Os protestos dos últimos dois meses deixaram pelo menos 58 mortos, mil feridos e quase 300 detidos.

continua após a publicidade

Ortega Díaz responsabilizou um guarda nacional por ferir mortalmente um jovem com uma bomba de gás lacrimogêneo em uma manifestação em Caracas, acusação que foi rechaçada pelo ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que disse que tal afirmação buscaria minar a liderança dos militares.

Após a declaração da procuradora, o vice-presidente do partido governista, deputado Diosdado Cabello, anunciou nesta sexta-feira que o governo utilizará a Assembleia Nacional Constituinte para “fazer uma revisão profunda do Ministério Público e que se acabe com a impunidade na Venezuela”.

As Forças Armadas se converteram em um dos principais apoios do governo de Maduro, em meio à crise política desatada no fim de março após o Tribunal Supremo de Justiça tomar decisões restringindo o poder do Congresso, controlado pela oposição. As medidas do Tribunal Supremo foram depois revertidas. Fonte: Associated Press.