Um funcionário do governo dos Estados Unidos confirmou ontem a denúncia, feita no livro que o veterano jornalista Bob Woodward lançará na próxima semana, de que a CIA opera um grupo paramilitar formado por afegãos que tem perseguido e matado membros da Al-Qaeda, do Taleban e outros extremistas.
O funcionário disse que o grupo de 3 mil homens foi criado em 2002 para capturar pessoas para serem interrogadas pela CIA, a principal agência americana de inteligência. Os paramilitares atuam em províncias afetadas pela violência como Kandahar, Khost, Paktia e na capital, Cabul, segundo trechos do livro liberados pela editora Simon & Schuster aos jornais The New York Times e Washington Post.
O governo do presidente Barack Obama criticou ontem o livro, que descreve uma profunda divisão entre os conselheiros do presidente que o ajudaram a planejar a estratégia para a guerra no Afeganistão. Um funcionário de alto escalão disse que as disputas citadas no livro já eram conhecidas, pois a revisão da política americana para Afeganistão foi exaustivamente coberta pela mídia. Ele também defendeu o modo como Obama lidou com a questão. “O presidente enfrentou a revisão como um comandante-chefe que é analítico, estratégico e determinado, com uma ampla visão de história e segurança nacional.”
De acordo com o livro, confrontado com uma de suas principais promessas de campanha – a retirada dos EUA até meados de 2011 do Afeganistão -, Obama resistiu à pressão de seu comando militar ao envio de mais tropas americanas ao país, no final de 2009, ao mesmo tempo em que adotou uma estratégia de combate considerada falida por seus principais conselheiros. Segundo a apuração de Woodward, Obama aceitou o envio de mais 30 mil soldados ao Afeganistão, mas bloqueou o projeto do Pentágono de agregar mais 4.500 militares.