Fitoterapia é nova medicina animal

As plantas são utilizadas para prevenção e cura de doenças desde os primórdios da humanidade. A chamada fitoterapia (utilização de partes de determinadas plantas com fins farmacêuticos) vem se tornando cada vez mais popular. Prova disso é que, atualmente, em diversas regiões do mundo, o poder curativo das plantas também está sendo empregado no bem-estar e tratamento de males que atingem animais de companhia, silvestres e mesmo de grande porte, geralmente voltados à produção.

?O uso de plantas com fins medicinais é milenar. Para se ter uma idéia, há relatos de que o chá verde, produto de uso bastante comum na atualidade, era utilizado já no ano 3000 antes de Cristo?, comenta a veterinária especialista em fitoterapia, Rita de Cássia Baptista, que é da cidade de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, mas recentemente ministrou uma palestra sobre o assunto a profissionais de medicina veterinária de Curitiba.

A fitoterapia é um método bastante semelhante à alopatia (medicina convencional). Porém, se difere da mesma pelo sistema de produção. Enquanto na fabricação de medicamentos alopáticos são utilizados produtos sintetizados, na de substâncias fitoterápicas são usadas exclusivamente plantas como matéria-prima. Destas, dependendo do tipo, são aproveitadas folhas, caules, raízes, flores e sementes com conhecido efeito farmacológico.

Segundo Rita, a fitoterapia veterinária tem a mesma aplicação que a fitoterapia humana. Em forma de chás, banhos, compressas, óleos, extratos, produtos inalatórios e cremes, pode ser utilizada no tratamento de diversas enfermidades, como irritações de pele, infecções, inflamações, problemas bucais, entre outros males. ?O que muda na fitoterapia veterinária são as doses. Geralmente, as doses aplicadas a animais de estimação são menores do que as recomendadas a seres humanos?, diz. ?Para alguns animais, plantas in natura também podem ter efeitos bastante positivos quando agregadas à ração.?

A veterinária explica que, na maioria das vezes, os medicamentos fitoterápicos devem ser utilizados mais vezes ao dia do que os alopáticos, pois não possuem a mesma potência que as substâncias sintetizadas. Por outro lado, costumam provocar menos efeitos colaterais nos pacientes e diminuir a resistência de microorganismos aos tratamentos. ?Para animais, os tratamentos podem ser tão bons ou até melhores do que para humanos. Isto porque os bichos não questionam se a fitoterapia funciona ou não. Em qualquer tratamento, o lado psicológico é bastante importante e os animais não têm preconceitos.?

Porém, se engana quem pensa que as plantas podem ser utilizadas como medicamentos de forma indiscriminada. Algumas pessoas costumam acreditar que se determinada planta não fizer bem, também não irá fazer mal. A idéia é totalmente equivocada, pois existem plantas potencialmente tóxicas e outras que tomadas em doses erradas ou de forma paralela a outras substâncias podem gerar uma série de problemas à saúde. ?Exemplo disso é o confrei, que até um tempo atrás era utilizado para tudo e depois se descobriu que continha uma substância que faz mal ao fígado. O confrei é um ótimo cicatrizante, podendo ser utilizado para uso externo, mas nunca ingerido.?

Por isso, é recomendado que plantas nunca sejam utilizadas como medicamentos por conta própria, seja em seres humanos ou animais. A fitoterapia só deve ser usada sob indicação médica ou médica veterinária.

Indicação

A veterinária Rita de Cássia conhece bem o potencial terapêutico da fitoterapia e indica produtos fitoterápicos para o tratamento de cães e gatos que apresentam alterações de comportamento manifestadas por irritabilidade, problemas na flora intestinal, para a prevenção de cáries, mau-hálito, odores indesejados e muitos outros propósitos. ?A fitoterapia pode ser utilizada para diversos fins. Atualmente já existe uma linha de produtos fitoterápicos para cães e gatos. Acredito que este princípio é a opção perfeita para quem procura efeitos rápidos, naturais e seguros, sem agredir os animais, o meio ambiente e os homens?, conclui a veterinária.

Consultórios em Curitiba  já usam fitoterápicos

Foto: Lucimar do Carmo

O veterinário Adolfo Sasaki recomenda calmantes à base de plantas medicinais para seus pacientes.

Veterinários de Curitiba também confirmam a eficiência da fitoterapia. Adolfo Sasaki, que atua na clínica Vetsan, no bairro Cristo Rei, diz que costuma recomendar a seus pacientes principalmente calmantes à base de plantas medicinais. Para cães muito agitados, ele freqüentemente recomenda um spray fitoterápico para ser colocado nos ambientes onde os animais freqüentam ou mesmo espalhados na face. ?O medicamento tem bons resultados em muitos cães, que se tornam mais calmos, reduzem os latidos, demonstram comportamento mais tranqüilo e passam a dormir melhor?, conta.

No consultório do pet shop Happy Dog, no bairro Vista Alegre, a médica Venise Liedke também revela utilizar a fitoterapia com o intuito de melhorar o comportamento de seus clientes caninos. Para animais ferozes ou que costumam ficar agitados e nervosos em ambientes estranhos, ela borrifa spray à base de capim-limão na sala de banho e tosa, fazendo com que os bichinhos fiquem mais quietos e facilitando o trabalho dos tosadores. ?Em alguns casos, o calmante natural faz com que os animais fiquem tão tranqüilos que não é preciso nem utilizar focinheira.?

Já a veterinária Karla Karine Boos, que atende na Maison Shien, no Alto da XV, receita medicamentos fitoterápicos para higiene bucal (combate ao tártaro), alívio da dor de animais debilitados, problemas oftalmológicos (como conjuntivite), entre outras doenças. Ela revela que alguns proprietários de animais ainda demonstram um pouco de receio em utilizar a fitoterapia, sequer comprando os medicamentos indicados. Outros, até preferem o tratamento à base de plantas. ?Proprietários que se mostram receosos mas aceitam realizar o tratamento geralmente mudam sua visão depois que descobrem todas as vantagens dos fitoterápicos. A grande maioria acaba gostando bastante?, afirma.

Plantas caseiras podem intoxicar animais

Foto: Divulgação

O copo-de-leite representa risco caso consumido pelos bichos.

Quem tem animais de estimação deve evitar manter determinadas plantas em casa. Comuns em jardins, quintais e mesmo em vasos presentes dentro das casas, muitas folhagens e flores podem representar riscos aos bichinhos por conterem substâncias consideradas tóxicas. Estas podem prejudicar bastante a saúde e, dependendo da quantidade ingerida, até levar à morte.

Entre as plantas consideradas tóxicas que são bastante comuns em ambientes domésticos estão: comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta), geralmente colocada em vasos de sete ervas; copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica), muito encontrado em quintais e jardins; bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima), cuja flor chama a atenção devido à coloração vermelha; coroa-de-cristo (Euphorbia milli), colocada em baixo de muros e portões devido à quantidade de espinhos; e espirradeira (Nerium oleander), uma árvore com flores rosas e brancas.

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