O político filipino que perdeu a mulher e parentes em um massacre de 57 pessoas, aparentemente realizado para impedi-lo de concorrer ao governo, apresentou hoje sua candidatura. Ismael Mangudadatu afirmou que apenas sua morte o impedirá de concorrer. Enquanto isso, promotores locais disseram que, por causa de feriados, somente na terça-feira poderão apresentar acusações de homicídio contra o principal suspeito, Andal Ampatuan Jr., líder do clã que domina a província de Maguindanao há anos.
Ampatuan se entregou ontem, quando havia ameaças de um ataque militar contra propriedades de sua família. Ele está em uma prisão em Manila, mas afirma ser inocente. Testemunhas dizem que Ampatuan estava presente, na segunda-feira, quando forças de segurança e milicianos locais pararam uma caravana com familiares de Mangudadatu, seus partidários e jornalistas, segundo a secretária de Justiça, Agnes Devanadera. Eles foram todos mortos e enterrados em covas coletivas.
Entre as vítimas estava a mulher e duas irmãs de Mangudadatu. Após receber ameaças de morte, ele mandou suas parentes entregar os documentos para a candidatura, acreditando que elas não seriam alvos.
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Mangudadatu registrou sua candidatura para as eleições da próxima sexta-feira escoltado por soldados, um comandante policial e um general do Exército, além de centenas de partidários. “Apenas a morte pode me impedir de concorrer”, disse. Ele negou qualquer participação no massacre, culpando um grande grupo separatista muçulmano do país, a Frente Moro de Libertação Islâmica. Um porta-voz do grupo negou qualquer vínculo com o ataque.
O clã Ampatuan auxiliou a presidente Gloria Macapagal Arroyo e seus aliados a vencer as eleições presidenciais de 2004 e a disputa para o Senado, em 2007. Após o massacre da segunda-feira, o partido governista de Arroyo expulsou Ampatuan, seu pai e seu irmão. A presidente prometeu que a justiça será feita no caso.