O destino de um cubano filho de fazendeiro rico, estudante de colégio jesuíta e formado em Direito, seria um lugar entre as elites do país, mas Fidel Alejandro Castro Ruz não se contentou com tais perspectivas de futuro.
O especialista em relações internacionais Renato Carneiro Júnior considera a atuação política de Fidel comum. Movimentos que floresciam no meio acadêmico em reação às ditaduras não era uma exclusividade de Cuba. Existiam vários na América Latina.
“Na época [anos 1940], o movimento estudantil não era uma atividade incomum para jovens latino-americanos de classe média. Dependia do interesse e da inserção do estudante”, diz Carneiro Júnior. Ele conta que a inclinação de Fidel para essas questões começou ainda no colégio, colaborando com pequenos jornais.
Em 1953, tentou colocar em prática a revolução armada, mas foi um fracasso. Quase uma centena de guerrilheiros morreu no assalto ao quartel general de Moncada. Fidel foi preso e levado a julgamento.
No tribunal, ele assumiu a própria defesa, durante a qual pronunciou a frase que se tornaria célebre: “A História me absolverá”, transformada no título do livro com o discurso de Fidel durante o julgamento. As primeiras edições foram distribuídas clandestinamente em Cuba e a obra se tornou um importante documento da Revolução Cubana.
Hoje, existem várias edições pelo mundo, inclusive no Brasil (uma publicada pela editora Alfa-ômega e outra, pela Expressão Popular).
O Movimento 26 de Julho ou M-26-7 (batizada em homenagem à Moncada) pretendia lutar contra a ditadura de Batista e defender os interesses nacionais de Cuba.
O movimento ainda não tinha as bandeiras que o futuro presidente de Cuba levantaria em seu regime. O argentino Luiz Fernando Ayerbe, pesquisador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), observa que o direcionamento ideológico do líder cubano foi gradual. “Fidel apostava nas instituições, no desenvolvimento de Cuba. Desde o início, já havia uma radicalização política, mas ele ainda não era um revolucionário”, diz.
Depois de cumprir dois anos de cadeia, Fidel ganhou anistia em 1955 e buscou exílio no México, onde conheceu um de seus principais companheiros de revolução: o médico argentino Ernesto Che Guevara (1928-1967).
A vitória dos guerrilheiros veio em 1959
Com Che Guevara, Fidel Castro fez outra tentativa de voltar a Cuba em 1956, falhando mais uma vez. Isolados na Sierra Maestra, os guerrilheiros se prepararam para uma nova investida.
No dia 1.º de janeiro de 1959, Fulgêncio Batista foi derrubado e as forças revolucionárias tomaram o poder. Fidel chegou a Havana no dia 8 de janeiro, vindo numa marcha que saiu do local onde estava lutando, e foi aclamado pelo povo. Ele se autoproclama comandante-chefe das Forças Armadas.
A presidência do país foi assumida por Manuel Urrutia Lleó, que ficou no poder até renunciar em julho e ser substituído por Osvaldo Dórticos Torrado, que ficou no cargo até 1976. Mas, após a revolução, Fidel sempre foi o principal líder do país. Em fevereiro de 1959, foi nomeado primeiro-ministro e passou a responder pelas decisões políticas de Cuba.