Na primeira eleição depois de 30 anos da ditadura de Hosni Mubarak, os egípcios formaram ontem longas filas na porta dos locais de votação, em muitos casos com espera de horas. Embora o voto não seja obrigatório e fosse um dia normal de trabalho no país, os eleitores compareceram maciçamente na votação para o Parlamento, que prossegue hoje no Cairo e em outros oito Estados do país.
O dia transcorreu sem grandes incidentes, apesar da ocupação da Praça Tahrir por manifestantes que exigem a renúncia da junta militar que governa o Egito, de mudanças na distribuição das zonas eleitorais e da desconfiança por parte de muitos eleitores em relação à Justiça eleitoral, herdada do regime de Mubarak.
A eleição está polarizada entre islâmicos e seculares. De um lado, a Irmandade Muçulmana, o grupo mais bem organizado e com maior credibilidade que restou do antigo conjunto de partidos, aliado do Al-Nur , novo partido salafista (islâmico radical).
No outro extremo, estão os seculares do Bloco Egípcio, que reúne três partidos liberais, e da Aliança Completando a Revolução, composta por grupos de jovens e socialistas.
Transição
Depois desses dois dias, as eleições para a Assembleia Popular, como é chamada a Câmara dos Deputados do Egito, continuarão em outros dois conjuntos de Estados, terminando no dia 3 de janeiro. A partir daí, começará a eleição para o Conselho da Shura, equivalente ao Senado, que terminará em março.
A Câmara dos Deputados nomeará os cem integrantes de uma assembleia que elaborará uma nova Constituição. Cedendo às pressões dos manifestantes, a junta militar prometeu acelerar a transição e antecipou a eleição presidencial para o fim de junho. Antes, elas ocorreriam apenas no fim de 2012 ou em 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.