Com uma surpreendente aparição do líder Fidel Castro, o Partido Comunista Cubano (PCC) encerrou ontem seu sexto Congresso, em Havana, com a promessa de pôr em prática medidas econômicas e sociais nunca antes aplicadas dos 50 anos de socialismo de Cuba. Contrariando a expectativa de renovação na cúpula do poder da ilha, porém, o encontro acabou reforçando a linha dura do partido.
A eleição de José Ramon Machado, de 80 anos, para o cargo de segundo-secretário do PCC decepcionou os críticos do regime, que esperavam a presença de um líder mais jovem no comando do partido único. Machado passa a ser o sucessor natural do presidente Raúl Castro, de 79, que foi eleito primeiro-secretário, no lugar de Fidel – que, pela primeira vez desde a revolução, não exerce nenhum cargo no regime.
O economista cubano Oscar Espinosa Chepe, que integrou o governo de Fidel por quase 20 anos, lembrou que Machado “já era subordinado de Raúl na guerrilha castrista” nos anos 50. “Prevaleceu a amizade e a fidelidade. Para mim, isso foi uma surpresa. Esperávamos alguém mais jovem”, afirmou o dissidente. De Miami, nos Estados Unidos, opositores asilados pelo governo americano fizeram coro para criticar a permanência da “velha guarda” do PCC.
Para a cientista política Miriam Leiva, a eleição de Machado e outros “líderes idosos”, indicam que os esforços do regime pelo “homem novo” – campanha pela criação “do bom socialista, do bom comunista” – não deram certo. “O fato de jovens não terem entrado para o governo quer dizer que as mesmas pessoas que estão há 52 anos no poder vão continuar a cometer os mesmos erros”, afirmou a dissidente, uma das fundadoras do movimento Damas de Branco, que pedia a libertação dos 75 presos na última onda repressiva de Fidel, a “Primavera Negra” de 2003. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.