Havana – O presidente cubano, Fidel Castro, reafirmou nesta sexta-feira (30) que seu colega da Venezuela, Hugo Chávez, corre risco de sofrer um atentado, e alertou para "tempos extremamente duros para muitos povos, entre eles o de Cuba", no caso de uma crise venezuelana.
"Não bastaria o triunfo do sim no dia 2 de dezembro [em que ocorre um referendo sobre a reforma constitucional na Venezuela]. As semanas e meses posteriores a essa data podem ser muito duros para vários povos, entre eles o de Cuba, se é que antes as aventuras do império [em referência aos Estados Unidos] não conduzem o planeta a uma guerra atômica, como confessaram seus próprios chefes", expôs Castro em uma nova "reflexão", os textos analíticos que tem produzido desde março, enquanto se recupera dos problemas de saúde que o afastaram do poder em 31 de julho de 2006.
Na reflexão com o título "Um povo sob o fogo", o líder cubano revelou: "Falei muito seriamente com Chávez em sua última visita, em 21 de novembro, sobre os riscos de magnicídio [assassinato de pessoa ilustre] aos quais vinha se expondo constantemente em veículos descobertos".
Fidel justificou sua preocupação com sua experiência "como combatente treinado no uso da mira telescópica e do fuzil automático e ao mesmo tempo, depois da vitória, como alvo de planos de atentados diretamente ordenados ou induzidos por quase todas as administrações dos Estados Unidos desde 1959".
O critério do cubano sobre a atual situação na Venezuela é que ali "os meios mais sofisticados desenvolvidos pela tecnologia, utilizados para matar seres humanos e submeter os povos ou exterminá-los, os reflexos condicionados na mente, o consumismo e todos os recursos disponíveis, são empregados hoje contra os venezuelanos, querendo acabar com as idéias de Bolívar e José Martí".
Para o presidente de Cuba, a Venezuela enfrenta a "tirania mundial", liderada pelos Estados Unidos, "que não param de pensar um minuto em um magnicídio ou uma guerra civil no país, por suas reservas de hidrocarbonetos".
Nesse contexto, fez referências ao impacto das conseqüências em Cuba, que mantém "estreitos vínculos com o governo bolivariano da Venezuela". Ressaltou que hoje o intercâmbio comercial entre os países é de "mais de US$ 7 bilhões ao ano, com grandes benefícios econômicos e sociais para os povos".
Tamanha preocupação de Fidel estaria relacionada também ao fato de que o país governado por Chávez representar na atualidade a principal fonte de combustível de seu país, "muito difícil de adquirir de outra forma, dada a escassez de petróleo leve, a insuficiente capacidade de refinação, o poder dos Estados Unidos e as guerras que travou para apropriar-se das reservas de petróleo e gás do mundo".