O presidente licenciado de Cuba Fidel Castro afirmou ontem à noite que não pretende se apegar ao poder para sempre. O líder de 81 anos já está afastado da presidência cubana há quase um ano e meio por causa de problemas de saúde. "Meu dever fundamental não é me prender a cargos e, muito menos, obstruir o caminho de pessoas mais jovens, mas sim deixar experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que me coube viver", diz Fidel em carta lida no programa de televisão Mesa Redonda, que apresenta a opinião do governo cubano sobre temas diversos.
Na mensagem, cujo objetivo era comentar a conferência quadro da ONU sobre mudanças climática, encerrada no fim de semana em Bali Fidel cita o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. "Penso como Niemeyer. É preciso ser conseqüente até o fim." O famoso arquiteto brasileiro é comunista histórico e amigo pessoal de Fidel Castro. Niemeyer completou cem anos no sábado e continua em atividade.
Fidel Castro não revelou quando pretende delegar o poder de forma definitiva nem se voltará a liderar ativamente a revolução cubana, a qual conduz desde 1959. Atualmente, o vice-presidente e ministro da Defesa Raúl Castro, irmão de Fidel, ocupa interinamente a presidência cubana desde o fim de julho do ano passado, quando o líder adoeceu.
No último ano e meio, Fidel Castro foi submetido a diversas cirurgias e não apareceu mais em público. As únicas imagens disponíveis do líder são fotografias e filmagens divulgadas periodicamente pela mídia estatal cubana.
Recentemente, Fidel voltou a ser indicado candidato a uma cadeira no Parlamento, passo necessário para que seja reeleito presidente do Conselho de Estado e de Ministros.