Fidel Castro tentou assumir a identidade de “avô experiente e conselheiro ponderado da esquerda” ao criticar o modelo cubano e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Para o professor Arturo López-Levy, da Universidade de Denver, nos EUA, as declarações de Fidel à revista Atlantic Monthly reforçam a posição dos moderados em relação aos radicais da ilha. “As novas posições de Fidel autorizam o presidente Raúl Castro, em Cuba, a assumir posições mais moderadas com o respaldo do comandante da revolução”, disse López-Levy. “Claramente, Fidel mostra-se preocupado com as pressões da esquerda radical e se sente responsável por esses movimentos.”
Nesta semana, Fidel convidou o jornalista americano Jeffrey Goldberg, da revista Atlantic Monthly, para entrevistá-lo em Havana. Durante a conversa, afirmou que o modelo cubano não pode ser mais exportado porque “não funciona nem para nós”. Também recomendou a Ahmadinejad “entender o sofrimento dos judeus com o antissemitismo”.
Na semana passada, o ex-presidente cubano afirmou ao jornal La Jornada, do México, que havia sido um erro a perseguição dos revolucionários cubanos aos homossexuais. Essas ponderações, segundo López-Levy, contradizem atitudes e declarações de Fidel no passado e mostram uma fase de autocrítica. Em Cuba, o significado dessa reconstrução da imagem do líder da Revolução de 1959 é ainda mais sensível. Essa foi a primeira vez que ele falou de um tema doméstico desde que deixou definitivamente o governo, em fevereiro de 2008. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.