O ex-presidente cubano Fidel Castro disse nesta segunta-feira que não sente "rancor" em relação ao pré-candidato democrata à presidência norte-americana, Barak Obama, mas que não teme "criticá-lo".
Um novo artigo de Fidel, intitulado "A política cínica do império", publicado hoje pela imprensa cubana, enfatizou que "não seria honesto" de sua parte "guardar silêncio depois do discurso de Obama na tarde de 23 de maio".
Fidel rebateu afirmações de Obama, que atribuiu à "Revolução Cubana um caráter antidemocrático e carente de respeito à liberdade e aos direitos humanos".
O ex-presidente lembrou que essas palavras foram pronunciadas "diante da Fundação Cubano-Americana, criada por Ronald Reagan". Essa entidade é qualificada como "terrorista" pelo governo de Havana.
"Escutei (Obama) como fiz com o de (John) McCain (candidato republicano) e o de (George W.) Bush. Não guardo rancor em relação a sua pessoa, porque não foi responsável pelos crimes cometidos contra Cuba e a humanidade. Se o defendesse, faria um enorme favor a seus adversários", disse.
Os argumentos de Obama, segundo Fidel, são os mesmos "que, quase sem exceção, utilizaram as administrações dos Estados Unidos para justificar seus crimes contra nossa pátria".
"O bloqueio mesmo, por si só, é genocida. Não desejo que as crianças norte-americanas se eduquem nessa ética vergonhosa", disse.
Fidel fustigou a conduta histórica dos Estados Unidos em 10 pontos. Entre eles, perguntou se "é correto" que "o Presidente dos Estados Unidos ordene o assassinato de qualquer pessoa no mundo, seja qual for o pretexto" e se "é ético que ordene torturar outros seres humanos".
"Não questiono a aguda inteligência de Obama, sua capacidade polêmica e seu espírito de trabalho", disse Fidel, enfatizando que "na boa vontade e disposição das pessoas há infinitos recursos que não se guardam nem cabem nas abóbadas de um banco. Não emanam da política cínica de um império".