Fidel Castro disse a um jornalista norte-americano em visita a Cuba que o modelo econômico comunista do país não funciona, um raro comentário sobre assuntos domésticos de um homem que visivelmente tem evitado falar sobre questões internas desde que deixou a presidência do país, quatro anos atrás.
Jeffrey Goldberg, correspondente da revista The Atlantic, perguntou se ainda valia a pena exportar o sistema econômico de Cuba para outros países, e Castro respondeu: “O modelo cubano já não funciona mais para nós”, escreveu Goldberg, hoje, em seu blog.
Ele disse que Castro fez o comentário casualmente, durante um almoço, após uma longa conversa sobre o Oriente Médio, e não forneceu maiores detalhes. O governo cubano não comentou a declaração do jornalista.
O fato de que as coisas não estejam funcionando com eficiência na ilha do Caribe não é novidade. O irmão de Fidel, Raul, atual presidente do país, disse a mesma coisa várias vezes. Mas a ríspida avaliação do pai da revolução cubana de 1959 causa surpresa.
Desde que deixou o governo em 2006, o ex-presidente tem se concentrado quase totalmente em questões internacionais e falado pouco sobre Cuba e a política interna.
Goldberg viajou para Cuba na semana passada a convite de Castro para discutir um artigo recente publicado pela Atlantic, no qual o líder cubano falou sobre o programa nuclear iraniano.
O jornalista também relatou ontem que Castro questionou suas próprias ações durante a Crise do Mísseis Cubanos, em 1962, dentre elas a recomendação que os líderes soviéticos usassem armas nucleares contra os Estados Unidos. Mesmo depois da queda da União Soviética, Cuba manteve seu sistema comunista.
O Estado controla mais de 90% da economia cubana, pagando os salários dos trabalhadores – que são de cerca de US$ 20 ao mês – em troca de assistência médica e educação gratuitas e transportes e habitação quase de graça. Pelo menos uma parte das necessidades de alimentos de cada cidadão é vendida por meio de cadernetas, que são fortemente subsidiadas.