O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou nesta terça-feira, 2, a ideia de transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém e afirmou que prefere uma “solução intermediária” para o assunto. Ele criticou ainda a política externa do governo Jair Bolsonaro.
“Eu fico com o general vice-presidente (Hamilton Mourão). Eu apoio uma solução intermediária. Porque a primeira não dá certo”, afirmou FHC, durante palestra sobre a economia latino-americana na fundação que leva seu nome.
Para o ex-presidente, o Brasil não tem “meios” para resolver a questão do Oriente Médio. “Quando não se tem meios, não tem de se submeter a balão”, disse. “Para quê acender uma lamparina num lugar que está sendo iluminado com guerras muito profundas?”.
Ao defender o multilateralismo e a tradição de busca por soluções pacíficas, FHC também ressaltou que o “problema da Venezuela não pode ser facilmente resolvido de fora”.
O ex-presidente criticou ainda o que chamou de alinhamento incondicional do Brasil aos Estados Unidos no campo externo. “Acabamos de fazer uma opção incondicional que não nos pediam. Opção incondicional aos Estados Unidos. Que é isso, meu Deus?! Um país não faz opção incondicional a outro”, disse.
Ao comentar sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China, FHC disse que o Brasil tem de “ter prudência e tirar vantagem do que for possível de ambos os lados”.
FHC arrancou ainda risadas da plateia ao se colocar contra a construção do muro entre Estados Unidos e México, como planeja o presidente americano, Donald Trump.
O ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu a palavra a certa altura da palestra e questionou se o tucano repetiria a Trump a frase “Tear down this wall!” (derrube aquele muro, em português), dita por Ronald Reagan a Mikail Gorbachev em 1987.
“Desde que você não me inclua na derrubada, tudo bem”, brincou FHC.