O governo paraguaio informou ontem à noite que o presidente, Fernando Lugo, continuará no cargo mesmo sob tratamento contra um câncer linfático. “(Lugo) superou a trombose que sofreu no fim de semana passado, não tem incapacidade e, portanto, seguirá governando até 2013”, disse Miguel López, chefe do gabinete da presidência.
O líder paraguaio, de 59 anos, está há quatro dias no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para onde foi levado com urgência por causa de uma trombose na veia cava superior, provavelmente produzida como efeito colateral da quimioterapia a que se submete para a redução de um linfoma.
“Lamentavelmente, na política há gente carniceira que especula com a possível saída do presidente, porque há grupos intolerantes, que não suportam ver a esquerda no governo”, disse López na noite de ontem.
Já o senador Alfredo Jaeggli, dissidente do governista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), disse o contrário. “Lugo deve pedir licença pelo menos por seis meses para cuidar de sua saúde”, avaliou. “Nas condições atuais, não está em condições de governar e ao mesmo tempo seguir o tratamento médico.”
Para evitar confusões, o presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Bogado, do opositor Partido Colorado, afirmou: “Lugo deve terminar seu mandato em 2013, porque foi eleito pelo povo em abril de 2008. Assim funciona a democracia, apesar de que fomos, os colorados, os derrotados naquelas eleições.”
O ex-bispo católico chegou ao poder à frente de uma coalizão de 20 partidos políticos e organizações sociais de esquerda e direita, chamada Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol). O palácio de governo marcou uma entrevista de Lugo à imprensa amanhã, quando ele deve sair do hospital. A intenção é que Lugo prossiga com o tratamento em casa.