Em uma pouco usual mensagem regional, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ratificaram sua disposição para o diálogo político e propuseram-se a apresentar sua visão sobre o conflito colombiano diante de uma cúpula de presidentes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), segundo uma mensagem divulgada hoje.

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“Ainda que o governo da Colômbia mantenha fechada a porta do diálogo contra a insurgência, encorajado pela miragem de uma vitória militar e pela ingerência de Washington, queremos reiterar à União de Nações do Sul, Unasul, nossa irredutível vontade de buscar uma saída política para o conflito”, afirmou o comando da guerrilha das Farc, em comunicado.

“Senhores presidentes: quando vocês avaliarem oportuno, estamos dispostos a expor em uma assembleia da Unasul nossa visão sobre o conflito colombiano”, acrescentou “o secretariado” das Farc, formado pelos sete comandantes da guerrilha. O texto foi divulgado no site da Agência de Notícias Nueva Colômbia (Anncol), que costuma divulgar comunicados do grupo.

Tradicionalmente, as Farc manifestam sua disposição para o diálogo ou conversações de paz com os sucessivos governos colombianos. Apenas algumas vezes dirigiram-se à comunidade internacional em cartas abertas, como a divulgada agora, dirigidas à instâncias como as Nações Unidas.

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Em seu comunicado, as Farc notam que os diálogos de paz realizados com vários governos colombianos no passado “não chegaram a um final feliz, e foi porque as oligarquias não quiseram considerar nenhuma mudança nas injustas estruturas políticas, econômicas e sociais que motivam o levante” armado.

Luta armada

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Sem citar diretamente políticos como o ex-líder cubano Fidel Castro e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que já disseram que a luta armada não tem mais espaço atualmente, as Farc afirmaram que essas pessoas esquecem que na Colômbia supostamente não há garantias para a oposição política. “Alguns aludem frequentemente à obsolescência da luta armada revolucionária, mas nada dizem das condições e garantias para a luta política na Colômbia”, afirmou o comando rebelde.

O governo do presidente Juan Manuel Santos, que assumiu em 7 de agosto, afirma que sua administração está aberta ao diálogo com a insurgência, mas somente se esta der sinais concretos de desejar a paz, parando com ataques armados, extorsões e sequestros, além de manifestar sua disposição de depôr as armas.

Surgidas em 1964, as Farc são atualmente a guerrilha ativa mais antiga da região. O grupo manteve diálogo com o governo do então presidente Andrés Pastrana (1998-2002) durante quase quatro anos, mas esse diálogo naufragou em meio aos sequestros de políticos realizados pelos rebeldes, bem como pelo incremento da atividade armada e vinculada ao narcotráfico, segundo as autoridades.