O principal negociador governamental com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pediu nesta terça-feira a seus compatriotas que apoiem o processo de paz e não se deixem enganar por campanhas de desinformação sobre o que se dialoga com os rebeldes em Cuba.

continua após a publicidade

“Aconselho a todos os colombianos que não se deixem levar por boatos”, afirmou Humberto de la Calle, delegado do presidente Juan Manuel Santos. “O processo não busca destruir a livre iniciativa e a propriedade privada, muito menos temos acordado a desmilitarização.”

Os inusuais comentários – pois, durante um ano e meio de negociações, De la Calle fez poucas declarações à imprensa – ocorrem quando a Colômbia vive um intenso clima eleitoral, no qual o conflito com a guerrilha passou a ser o centro da disputa entre os dois candidatos que participam do segundo turno.

“A vocês, soldados e policiais da pátria, quero lhes dizer que nem seu salário, nem seu futuro, nem muito menos sua doutrina serão negociados aqui”, disse De la Calle.

continua após a publicidade

Em 15 de junho, os colombianos voltam às urnas para escolher entre Santos, que busca a sua reeleição e apoia o processo de paz de Havana, e o candidato opositor, Oscar Iván Zuluaga, que questionou em reiteradas ocasiões as negociações e acusou os rebeldes de serem delinquentes.

As delegações da presidência da Colômbia e das Farc retomaram hoje os diálogos pela paz no país após uma pausa de duas semanas devido a realização do primeiro turno da eleição presidencial. As partes discutem seis temas – três dos quais já foram acertados. Em maio, os negociadores chegaram a um acordo sobre o combate ao narcotráfico, além de já terem encerrado as discussões sobre o problema da terra e da participação política.

continua após a publicidade

O processo de paz começou no final de 2012 sob a mediação de Noruega, Cuba, Venezuela e Chile. Agora, as delegações concentram-se nas negociações a respeito das vítimas da violência e o ressarcimento delas.

Ao mesmo tempo, os rebeldes preferem não se pronunciar a respeito das eleições e o impacto que o pleito teria no processo de paz. “Não vamos falar sobre cenário hipotéticos, esperaremos a noite do dia 15 de junho, quando teremos os resultados eleitorais”, disse o representante das Farc nos diálogos de paz, Iván Márquez. “Toda a Colômbia tem de defender o processo de paz.” Fonte: Associated Press.