FAO propõe alternativas ao ópio

A Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO), com sede em Roma, afirmou que é possível acabar com a produção de ópio no Afeganistão se forem reduzidas também a pobreza e o desemprego.

Segundo a FAO, são necessários US$ 25,5 milhões para financiar projetos de desenvolvimento agrário nos próximos cinco anos. Os beneficiados serão um milhão e meio de pessoas das quatro principais províncias produtoras de papoula: Badakhshan, Helmand, Kandahar e Nangarhar.

Angelika Schückler, responsável do serviço de gestão, comercialização e finanças agrícolas da FAO, assegurou que “a pobreza rural e a falta de receita são as principais razões para a produção do ópio”.

“Faz falta um compromisso a longo prazo, talvez há mais de uma década, para criar oportunidades alternativas”, acrescentou Schückler.

Segundo a funcionária, “o projeto da FAO se propõe a reconstruir a infra-estrutura agrária em algumas das principais zonas de produção de papoula. Iniciativas como o aumento da horticultura, a criação de animais e os cultivos comerciais trariam meios de sustento alternativos aos pequenos agricultores, aos trabalhadores sem terra própria e aos grupos vulneráveis”.

A FAO propôs uma série de iniciativas para criar oportunidades alternativas de inclusão e reduzir a dependência da produção de papoula.

O Afeganistão é o principal país produtor de ópio no mundo, com quase 75% da produção mundial. Segundo o escritório da ONU sobre drogas e crimes (ONUCDCP), a produção de papoula chegou a 3.600 toneladas em 2003. Aproximadamente 1,7 milhão de pessoas (7% da população) estão envolvidas diretamente na produção de papoula.

O cultivo de papoula ocupa mais ou menos 1% de todo o solo cultivado do país. A maioria dessa produção se cultiva em solo irrigado. O estado de Nangarhar é, atualmente, a zona onde se produz mais papoula.

Enquanto a maior parte dos camponeses afegãos cultiva a papoula opiácea devido à pobreza e à falta de alternativas viáveis de lucro, grande parte dos benefícios vão para as mãos de traficantes nacionais e estrangeiros.

O ópio é um produto atraente para os camponeses pela sua resistência e a facilidade de armazenamento e transporte, indicou a FAO.

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