Familiares do ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos Robert McNamara confirmaram hoje a sua morte, aos 93 anos, enquanto dormia em sua casa em Washington. A esposa, Diana, disse que ele enfrentava problemas de saúde já há algum tempo. McNamara esteve à frente da pasta da Defesa durante a Guerra do Vietnã nos mandatos dos presidentes John Kennedy e Lyndon Johnson. A guerra foi a mais desastrosa campanha militar dos EUA no exterior de que se tem notícia. E McNamara foi alvo de duras críticas ao longo de toda a vida por causa desse conflito.
Conhecido como um elaborador de políticas apaixonado por análises estatísticas, McNamara deixou a presidência da Ford e assumiu o Departamento de Defesa (Pentágono) em 1961, a convite do então presidente norte-americano John Kennedy. Ele passou sete anos na posição de secretário de Defesa dos EUA, mais do que qualquer outra pessoa desde a criação do cargo, em 1947.
Sua ligação com a Guerra do Vietnã se tornou extremamente pessoal. Até mesmo seu filho, quando estudava na Universidade Stanford, protestou contra a guerra enquanto o pai a conduzia. Em Harvard, McNamara certa vez teve de fugir de um grupo de estudantes por uma rede de túneis subterrâneos. Seus críticos o acossavam impiedosamente. Não poupavam nem ao menos seu nome do meio, “Strange”, ou “Estranho”.
Depois de deixar o Pentágono, McNamara assumiu a presidência do Banco Mundial e passou a concentrar suas energias na crença de que melhorar a vida nas comunidades rurais dos países em desenvolvimento seria um caminho mais promissor para a paz do que a fabricação de armas e a mobilização de exércitos.
Memórias
Muito discreto, McNamara se recusou durante anos a escrever suas memórias e a dar seu ponto de vista sobre a guerra e sua versão dos desentendimentos com seus generais. Ele começou a se abrir somente na década passada. Em 1991, McNamara revelou à revista “Time” que não achava que o bombardeio ao Vietnã do Norte – o maior da história militar até então – funcionaria, mas foi adiante “porque era preciso, primeiro, provar que ele não daria certo e, segundo, porque outras pessoas achavam que funcionaria”. Já em 1993, depois do fim da Guerra Fria, McNamara se dedicou a suas memórias por considerar que muitas lições da Guerra do Vietnã poderiam ser aplicadas no período, “por mais estranho que pudesse parecer”.
