A passagem da tocha olímpica por Kuala Lumpur não teve grandes incidentes nesta segunda-feira (21). Mas foi marcada pela prisão de uma família japonesa, que carregava uma bandeira do Tibete e foi atacada por um grupo de chineses residentes na Malásia que acompanhava o evento.
A família japonesa não teve a identidade revelada pela polícia malaia. Era composta por dois irmãos, um homem e uma mulher, sendo que ela ainda levava junto a sua filha de cinco anos. Eles ficaram cerca de seis horas detidos e acabaram liberados, livres de acusação. Enquanto isso, nenhum chinês foi preso por causa do incidente.
A confusão começou quando a família japonesa apareceu no trajeto da tocha olímpica pelas ruas de Kuala Lumpur e mostrou a bandeira do Tibete, que vive sob ocupação da China. Os chineses, então, partiram para o ataque e chegaram a jogar alguns apitos nos três japoneses antes que polícia entrasse em ação.
Durante o percurso de 16 quilômetros da tocha por Kuala Lumpur, apenas outros três pequenos incidentes foram registrados. Um homem atravessou o trajeto gritando "vergonha" e precisou ser retirado pela polícia. E mais duas pessoas foram detidas: um mulher com a camisa "Liberdade ao Tibete" e um monge budista – depois, ambas acabaram liberadas.
De qualquer maneira, os protestos na Malásia foram pequenos perto do que a tocha já enfrentou em sua viagem pelo mundo. Até agora, os maiores problemas aconteceram em Londres, Paris e São Francisco, onde as manifestações contrárias ao governo chinês provocaram violência e muita confusão.
Por isso mesmo, os chineses também começaram a acompanhar de perto a passagem da tocha pelas cidades onde vivem, espalhados pelo mundo, para defenderem seu país e tentarem fazer frente aos protestos contra o governo chinês. Foi esse o caso em Kuala Lumpur, onde eles eram maioria: todos de vermelho, gritando "Taiwan e Tibete pertencem à China."
Próximo passo
Nesta terça-feira (22), a tocha passará por Jacarta, na Indonésia, onde novos protestos estão previstos. Os organizadores, no entanto, já fizeram alterações no trajeto para evitar problemas, além de terem aumentado o esquema de segurança.
Inicialmente, a tocha iria percorrer as principais ruas de Jacarta. Mas, diante da ameaça de protestos contra o governo chinês, o evento ficará restrito à região do maior estádio da cidade, com trajeto de sete quilômetros, e será fechado ao público em geral – apenas convidados da organização, cerca de 5 mil pessoas, poderão se aproximar do local.
Depois da Indonésia, a tocha seguirá para a Austrália, onde os organizadores já tomaram novas medidas de segurança. Nesta segunda-feira (21), a cidade de Canberra anunciou mudança no trajeto previsto para acontecer na quinta, o que irá diminui-lo para apenas quatro quilômetros de extensão, evitando algumas ruas mais movimentadas do centro.
Desculpas
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, enviou nesta segunda-feira (21) uma carta para a atleta paraolímpica chinesa Jin Jing, que carregava a tocha durante os protestos mais intensos em Paris, no dia 7 de abril. Na mensagem, ele lamenta o ocorrido e a convida para voltar ao país como sua "convidada pessoal".
Jin Jing ficou famosa na China por ter se agarrado à tocha olímpica, mesmo sentada em sua cadeira de rodas, e evitado que um manifestante a tirasse de suas mãos durante o protesto em Paris. Agora, Sarkozy se manifesta publicamente para se desculpar com a atleta chinesa pelo incidente.
"O que aconteceu gerou um sentimento de amargura em seu país. Quero garantir que os incidentes provocados por um pequeno grupo de pessoas naquele triste dia não refletem os sentimentos de meus compatriotas pelos chineses", diz a carta do presidente francês. "Os sentimentos dos chineses foram feridos nesse dia, especialmente pelo intolerável ataque que você sofreu e que condeno com a maior força."
