Depois da visita da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a Brasília e São Paulo, o governo brasileiro transformou-se no foco das atenções norte-americanas para conseguir aprovar novas sanções ao Irã no Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas. Diplomatas, políticos e analistas concordam que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva será fundamental para isolar o Irã, ainda que o Brasil não tenha poder de veto no órgão decisório máximo da ONU.
O peso brasileiro deve-se à credibilidade do País, que não possui armas nucleares por opção própria, e porque a crítica às sanções deixaria a China mais à vontade para vetar novas punições contra Teerã.
A posição brasileira, no dia seguinte à visita de Hillary, dominou o briefing para a imprensa do Departamento de Estado em Washington. Jornalistas estrangeiros insistiram na questão sobre como os EUA conseguirão convencer o Brasil. O porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley tentou contornar as divergências ao afirmar que os dois países concordam que “há riscos em uma corrida nuclear no Oriente Médio”.
Ao ser pressionado por um repórter sobre o claro antagonismo entre os governos de Barack Obama e Lula a respeito do Irã, o porta-voz respondeu que “o que o Brasil decidir é uma questão deles”, mas acrescentou que o diálogo e o tempo podem levar os brasileiros a adotar uma outra posição na hora de votar a resolução, que já teria um rascunho circulando nos corredores da ONU.
As diferenças entre os EUA e o Brasil também receberam destaque na imprensa. O “Wall Street Journal” deu manchete na capa para a visita de Hillary ao Brasil, afirmando que os EUA enfrentam um novo obstáculo para aprovar novas sanções a Teerã. O jornal, assim como seus concorrentes, citaram Lula dizendo “não ser prudente colocar o Irã contra a parede”.
Rascunho
O Departamento de Estado dos EUA negou ontem a informação de que já teria apresentado um esboço do texto das sanções ao Irã para integrantes do Conselho de Segurança. A informação havia sido divulgada pelo “New York Times”.