Uma onda de explosões atingiu dois bairros xiitas de Bagdá nesta quinta-feira, matando pelo menos 27 pessoas e intensificando os temores de que os insurgentes estão aumentando os ataques após a retirada das tropas dos EUA ter sido concluída, em dezembro.
Os ataques começaram com a explosão de uma bomba colocada em uma motocicleta, perto de uma parada de ônibus, onde trabalhadores se reúnem para buscar trabalho no bairro de Cidade Sadr. “As pessoas têm o medo real de que o ciclo de violência possa ser revivido nesse país”, afirmou Tariq Annad, um funcionário do governo de 52 anos, que vive perto do local do ataque.
Houve também a explosão de uma bomba à beira de uma via, em Cidade Sadr. A polícia encontrou e desarmou uma terceira bomba. As explosões em Cidade Sadr mataram 12 pessoas, segundo policiais e autoridades médicas.
Menos de duas horas depois, duas explosões atingiram o bairro xiita de Kazimiyah, no norte da capital, matando 15 pessoas. Funcionários disseram que as explosões nessa área foram quase simultâneas, com pelo menos uma delas sendo de um carro-bomba.
Funcionários de hospitais confirmaram os mortos pelas quatro explosões em Bagdá, que deixaram mais de 60 feridos. As fontes pediram anonimato, pois não tinham autorização para falar com a imprensa. Os ataques coordenados, sobretudo em áreas xiitas, são geralmente realizados por militantes sunitas ligados à Al-Qaeda.
Os ataques desta quinta-feira são os mais mortíferos em Bagdá desde 22 de dezembro, quando uma série de explosões matou 69 pessoas, sobretudo em áreas de maioria xiita. Um grupo ligado à Al-Qaeda no Iraque reivindicou a responsabilidade por esses ataques.
Os mais recentes casos de violência ocorrem no momento em que o país vive uma crise política, que ameaça reviver tensões sectárias no país. O governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, dominado pela maioria xiita, emitiu uma ordem de prisão contra o principal político sunita do Iraque, o vice-presidente Tariq al-Hashemi. O principal rival político de Maliki, o bloco apoiado pelos sunitas Iraqiya, tem bloqueado as sessões do Parlamento e reuniões do gabinete, por considerar que o governo busca apenas mais poder e marginalizar os sunitas. Hashemi é acusado de ter liderado grupos de extermínio, mas afirma ser inocente e que é vítima de perseguição política. As informações são da Associated Press.